Aristóteles Drummond, colunista do DIA
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond*
O que estamos assistindo no Brasil é uma corrente de alta irresponsabilidade no comportamento da sociedade como um todo. O bom senso, equilíbrio, pragmatismo, responsabilidade e a solidariedade desapareceram nestes meses de pandemia. Quem tem o seu garantido se dedica à política e ao proselitismo do ódio, do ressentimento, da paixão exacerbada, do fanatismo e da cegueira quanto à realidade. O negacionismo encontra terreno fértil nas mais incríveis situações. Duvida-se até de que as mortes e a tragédia que se passam nos hospitais são frutos da pandemia. Quando é muito pela má compreensão por parte da população, por ignorância ou má fé.
Reformas, nem pensar; a prioridade era o Emergencial, que aumenta o endividamento público. Mas o uso de um mínimo de poder para fazer mal ao país não tem limites, não tem controle nem justificativa plausível. A Justiça do Trabalho, por exemplo, vem expondo o Brasil ao ridículo internacional e se prestado a tornar nosso país um investimento inseguro e ousado. Primeiro, um juiz de primeira instância suspendeu as demissões na Ford, que estava fechando suas fábricas, pagando os direitos de seus funcionários.
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Mais recentemente, um verdadeiro crime de responsabilidade foi cometido por outro magistrado, também de primeira instância, que impede a rede de churrascarias Fogo de Chão, sob controle de um fundo norte-americano, de fechar uma de suas unidades no Rio e demitir, com todos os direitos pagos, cem funcionários do ponto desativado, por motivos óbvios. E mais agrava a volta ao trabalho com reparações cômicas, não fosse a tragédia que representa para um país com milhões de desempregados e precisando da confiança dos geradores de empregos.
Grupos perversos criticam a política em relação à pandemia, mas não apontam os pontos a serem aperfeiçoados. Estados e municípios anunciam compras de vacina, sem exibir contratos e prazo de entrega, o que é urgente para deter a pandemia. O presidente, que tanto prega a volta à normalidade, não arregaça as mangas para obter vacinas, para liberar o setor privado a tentar comprá-las, sem subordinação ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
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Vamos ter, na semana que vem, o início da vacinação da influenza, e teremos o SUS sobrecarregado com a aplicação de 80 milhões de vacinas, estas disponíveis. Mas, com a presença do setor privado, que corresponde a cerca de 20 milhões de usuários, entre empresas e particulares – os mesmos cuja participação foi negada na pandemia.
O presidente deveria considerar pedidos como dos empresários Hazan e Wizard, que querem vacinar seus colaboradores, como a maioria dos empresários brasileiros. A pauta nacional continua a ser o confronto político. Ocupa-se o noticiário com as disputas com vistas a um pleito que ocorrerá daqui a um ano e meio, como se não tivéssemos pela frente a solução da pandemia, da crise econômica com esse endividamento colossal e da desconfiança dos mercados, desde o caso Petrobras a mudança no Banco do Brasil, mais civilizada, mas evidentemente negativa.
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O trato irreal de alguns preços e desonerações. A tentação da intervenção está latente, e visível na cara do ministro Paulo Guedes. Não se justifica o governo ter dois instrumentos bancários relevantes, por exemplo, como é o caso da Caixa Econômica Federal (e do BB, que em nada contribui para uma Economia que se proponha mais aberta e convidativa ao investidor privado. Basta uma, no caso a Caixa hoje presente no campo, onde o BB foi importante no passado. O ambiente para o investimento deveria melhorar. Mas está é piorando! Que pena!
*É jornalista