Myrian Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas
Myrian Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio VargasDivulgação
Por Myrian Lund*
A segunda onda da pandemia pegou o comércio, a indústria e os serviços de calças curtas. No momento em cada empresário se adaptava à nova realidade, ocorreu a parada da Economia com a antecipação dos feriados. A culpa é de quem? O que fazer? Falta dinheiro, falta trabalho, desemprego elevado e o endividamento das famílias e empresas só cresce. Além disso, inflação dos alimentos e diversas matérias-primas bate recorde, decorrente da alta do dólar. Onde vamos parar?

Tudo na Economia é cíclico, não vai ficar ruim para sempre. Ouvi: a culpa não é do presidente, do governador, do prefeito, da OMS ou outro. É uma situação nova para todos e sem uma resposta precisa. E é verdade! A única verdade é que os hospitais estão lotados, sem vagas para receber pacientes. Precisamos de alguma forma nos proteger! Morrer não é a solução para nenhuma família.

Vamos aos aspectos práticos e ao que é preciso fazer. Faça fluxo de caixa (receitas e despesas) pessoal e separadamente da empresa, sem olhar o passado. Vamos considerar gastos previstos para abril e pelo menos aos próximos 11 meses. Há despesas específicas de cada mês e que não se repetem.

Reduza gastos, corte compras, e economize em tudo que for possível. Toda economia deve ser guardada na poupança. Esse dinheiro servirá para liquidar dívidas e para emergências. Repare se a sua despesa cabe no orçamento. Priorize as essenciais e de empréstimos e financiamentos com garantia, como imóvel, carro, salário consignado. As demais, livres de garantia, podem ser temporariamente esquecidas. Priorize alimentos, aluguel, condomínio, tudo que possa levar a perder algo importante para o credor.
Dívidas bancárias, cheque especial e cartão de crédito também devem ser priorizadas? Se você estiver superendividado, não vai conseguir pagar. O ideal é deixar de lado. Avisar ao banco que você vai atrasar as parcelas, mas estuda como pode fazer o pré-pagamento das prestações vencidas e vincendas.

Abra conta em banco novo ou em cooperativa de crédito, sem cartão de crédito e sem cheque especial. Sem créditos, não precisa pagar tarifa. Use apenas os Serviços Essenciais, gratuitos.

É nesse momento que deve começar o processo de negociação. A melhor opção é tentar liquidar à vista, se tiver dinheiro aguardado. Ofereça o que puder: 10% do valor, 15% para liquidar tudo. O banco não aceitará a primeira proposta, mas, se estiver sendo sincero, vai conseguir boa negociação.

Não amplie seu endividamento pegando empréstimos nos caixas automáticos ou o pré-aprovado no aplicativo: os juros são sempre elevadíssimos. Na verdade, você só deve pegar empréstimo se tiver certeza de que vai conseguir pagar a prestação. Não faça empréstimos para pagar no longo prazo (no máximo 36 meses). Caso contrário, evite, busque alguma receita extra (bico) ou faça trocas entre amigos (economia solidária).

A pandemia vai melhorar com a vacinação, como está acontecendo em outros países. Não permita que a crise se instale em você, na sua vida, e dure um tempo muito maior porque você agiu por impulso, buscando a solução mais fácil e complicando a sua situação financeira.

*É economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV)