Marcos Espínola
Marcos EspínolaDivulgação
Por Marcos Espínola*
O recente leilão da Cedae, com a falta de interesse na linha 3, que abrange parte da Zona Oeste da cidade, devido a ser áreas com forte influência e atuação de milícias, deixou claro que o Estado, especialmente o município do Rio, historicamente, sofre diretamente o impacto da violência em sua Economia. O Rio de perdas vem de longa data, com o crime criando cada vez mais tentáculos nos mais variados setores e atrapalhando o poder constituído.
Embora o leilão tenha entrado para a história como um dos maiores em valores, algo da ordem de R$ 22,7 bilhões, com quatro consórcios dando lances para três dos quatro blocos, o desempenho poderia ter sido ainda melhor. Aliás, o lote 3, desprezado pelos participantes, já estava com o valor considerado abaixo do que poderia devido as peculiaridades de violência da região.
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A violência é um problema social no Brasil. Mais do que impactar, efetivamente a violência se tornou um obstáculo para a Economia. No comércio varejista, por exemplo, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados em 2019, os gastos com segurança cresceram acima de 330% em dez anos. O número superou o percentual de aumento de vendas do setor no mesmo período, que foi de 245%.
O turismo é outro setor diretamente atingido, pois a violência que maltrata a população é a mesma que afasta os turistas da cidade e do estado. Em 2018, o Rio deixou de faturar cerca de R$ 150 milhões por causa da criminalidade, segundo dados da CNC. Os números ainda revelaram que a violência na cidade também reduziu a geração de emprego. Em 2017, os números foram ainda maiores chegando a R$ 657 milhões. O prejuízo no setor hoteleiro foi da ordem de R$ 100 milhões.
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Enfim, passamos da hora das autoridades apresentarem projetos consistentes e direcionados para frear a violência no Rio. Mais do que o fator econômico, que sem dúvida é de extrema importância por conta de empregos, a população não aguenta mais o alto número de mortes, balas perdidas, assaltos e delitos de toda espécie.
Num estado que vive um regime de recuperação fiscal, que sofreu com vários casos de corrupção e desvio de verbas públicas nos últimos anos, ainda ter que amargar com perdas em negócios pela falta de Segurança pública é como levássemos, diariamente, um tiro de misericórdia que não nos deixa prosseguir.

É advogado criminalista e especialista em Segurança pública