Deputada Soraya Santos
Deputada Soraya SantosCâmara dos Deputados
Por Soraya Santos*
Na última terça-feira, dia 4 de maio, o Brasil parou por motivos paradoxais: um de grande euforia e outro de devastadora tristeza. Deixou-nos o genial Paulo Gustavo, orgulho de Niterói, do Estado do Rio de Janeiro e de todos os brasileiros. A frase mais repetida no país foi: “Parece que ele era da minha família”.  Paulo Gustavo era um pouco de cada família brasileira. Seus diversos personagens tinham profundidade, personalidade, humor e nuances que nos faziam sempre relacionar a algum ente querido.

Dona Hermínia é a Déa, mãe do Paulo, e um pouco de cada mãe do Brasil. Um pouco da mãe que é protetora, da mãe corajosa, vencedora, à frente do tempo; da mãe que não se cala e que não mede esforços para defender seus filhos. Um pouco da minha mãe, um pouco da mãe que eu sou.

Nesse Dia das Mães, todo mundo está órfão e saudoso da Dona Hermínia, a caricatura mais divertida, engraçada, sagaz e verdadeira da mãe brasileira. Essa figura, a mãe brasileira, é um produto muito típico da nossa gente.
E o motivo da parte eufórica da terça-feira passada é um bom exemplo disso. A participante Juliette se sagrou campeã do Big Brother Brasil. Eu assisti ao vídeo da final, em que a vencedora foi revelada, e uma fala me tocou demais. Juliette subiu, sozinha, para ocupar seu lugar no pódio. Assim que se posicionou no primeiro lugar, desabou em um choro de alívio, gratidão e felicidade e, batendo fortemente no peito, gritou várias vezes: “Eu sou você, mãe!”.

Essa cena é uma poesia. No rompante da emoção e da celebração de um grande prêmio, a participante resumiu a história de tantos brasileiros. Nós somos nossas mães. E nossos filhos são um pouco da gente, também.
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No país de tantas desigualdades, injustiças e falta de oportunidade, muitas gerações não conseguem realizar tudo que uma vida humana tem o potencial – e o direito – de realizar. No Brasil, existe um fenômeno contra o qual temos que lutar, fenômeno este por meio do qual sonhos nascem com as avós, batalhas se travam com as mães e conquistas começam a se concretizar com as netas e os netos.

E é por isso que carregamos tanto das nossas mães; nosso DNA vem com sonhos. Juliette gritou para sua mãe: “Eu vou fazer a senhora sorrir”. A Juliette, no pódio, era também a mãe dela, naquele momento. Era a mãe dela alcançando sonhos, colhendo frutos do amor plantado, encontrando seu sorriso, que provavelmente estava perdido, em meio a muita luta.

A mãe da Juliette, a minha mãe, as mães de tantos brasileiros, a mãe do Paulo Gustavo, a mãe da Marcelina e do Juliano são as mães que lutam todos os dias para transformar as vidas de seus filhos e, com isso, transformar também este país. O palco é delas, o pódio é delas, os sonhos e as palmas são delas também.

Por isso, neste ano em especial, rendo homenagem a todas as mães que tiveram perdas, pois sei da capacidade de transformar a dor em honra ao legado e em certeza de que, se a dor existe, é porque existe e persiste um amor ainda maior que ela. Nas palavras de Nelson Motta e Dori Caymmi, cantadas lindamente por Elis: “Dor de amor quando não passa é porque o amor valeu”.


*É advogada e deputada federal