Eliomar Coelho, deputado estadual do PSOLDivulgação

Por Eliomar Coelho*
O Estado do Rio gastou neste ano mais de R$ 3 bilhões com estrutura e ações voltadas para a Segurança. É um valor vultoso, ainda mais se comparado aos R$ 131,3 milhões gastos com a assistência social (consulta aos dados do próprio governo até o dia 10 de maio). Isso mesmo, você não leu errado. As despesas com a área não chegam nem a 0,05% de todos os gastos com as ações e despesas de segurança. Com a Cultura, a despesa ficou estacionada em R$ 25 milhões de verbas estaduais. Até agora, não foi realizado nenhum gasto com fomento a projetos culturais. Vale lembrar que estamos chegando à metade do ano.
O mesmo governo que deve gastar mais de R$ 10 bilhões nas políticas de Segurança até o final do ano não repassa os recursos devidos do custeio das universidades estaduais. Também não faz os investimentos na Educação e na garantia de tecnologias para alunos e professores.
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O orçamento mostra o retrato das nossas mazelas. As prioridades estão completamente distorcidas. Políticas da saúde e da educação aparecem atrás das da segurança. Os gastos com Segurança até agora foram 55% superiores aos da Saúde. Isso em plena pandemia. Não é pouca coisa. Saúde e Educação receberam R$ 1 bilhão a menos, cada, do que a área da Segurança.
Todos vivemos as políticas públicas no Estado do Rio. Sabemos que a má gestão do orçamento disponível não é de agora. Ainda assim, precisamos continuar forçando o debate e a revisão das políticas, especialmente quando se mostra evidente o abuso dos governos.
Precisamos massificar o debate em torno das prioridades orçamentárias. Sobretudo, denunciar aqueles governantes que estão negando hoje tudo à população: da vacina à alimentação e educação; de emprego à cultura e condições dignas de existência. Se é difícil ter eco a realidade sentida pela população mais pobre, que tem lutado sozinha nas favelas pra se proteger de um vírus, sem nenhum apoio público, os dados da despesa orçamentária mostram que temos no Estado do Rio um quadro de completo abandono social e desprezo pelas vidas, em consonância com a mesma operação que se faz em nível federal.
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Não deixar as pessoas morrerem de fome, por exemplo, deveria ser a prioridade número um de qualquer governo. Em qualquer situação. Em vez disso, investem pesado em políticas violentas e proibicionistas de segurança pública, que têm se mostrado um verdadeiro fracasso.
O discurso de salvação pregado por alguns precisa ser substituído urgentemente pelos investimentos sociais que realmente têm capacidade de manter a coesão social e promover a cidadania e a qualidade de vida das pessoas no Brasil.
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*É deputado estadual do PSOL-RJ e membro titular da Comissão de Orçamento da Alerj