Átila Nunes - vereador do DEM, líder do governo na Câmara do RioDivulgação

Por Átila Nunes*
Celebrar São João no dia 24 de junho vai muito além das festas juninas. Falar do Santo, representado na Umbanda por Xangô - o Orixá da Justiça- nos leva a refletir sobre questões históricas e da origem de quem somos nós brasileiros neste mundo. E o que somos? Somos Xangô, São João, miscigenados, filhos de uma série de culturas e religiões, de muitas gerações passadas.
E o Dia de São João é uma ótima oportunidade para lembrar que lutar contra a intolerância significa conviver e, por que não, festejar? Aliás, existe prova maior da nossa diversidade que a união de religiões e a transformação quando em um novo continente?
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A festa de São João é uma entre as celebrações juninas que acontece em vários países, e está historicamente relacionada com a comemoração pagã do solstício de verão europeu, que acontecia no dia 24 de junho. Como somos um povo colonizado, trouxemos a festa também para a Umbanda, que por si só já sintetiza vários elementos das religiões africanas, indígenas e cristãs. O resultado é o sincretismo entre Xangô e São João.
A Umbanda encontra São João com a amizade de Santa Isabel e Nossa Senhora. Em uma tarde, Isabel foi à casa de Maria (Nossa Senhora) para contar-lhe que teria um filho e que o chamaria João. Este bebê se tornaria João Batista. Isabel relatou que avisaria do nascimento do menino quando acendesse uma fogueira bem grande. “De longe poderá vê-la e saberá que ele nasceu. Mandarei, também, erguer um mastro, com uma boneca sobre ele”.
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Santa Isabel cumpriu a promessa no dia 24 de junho, dia do nascimento. Assim começou a ser festejado São João com mastro, fogueira e outros detalhes que representam as chamas vermelhas como foguetes e balões. Ao anunciar o filho à comunidade, Zacarias, o pai, viu a multidão aplaudir – explicação para os foguetes e bombinhas da festa atual, representando as vozes e aplausos da multidão que viu nascer quem mais tarde se tornaria um dos santos mais importantes para católicos e umbandistas.
A data é tão cheia de significados que marca histórias de centenas de anos. No início do verão do hemisfério norte, povos como os egípcios, sumérios e celtas realizavam rituais de abundância e fertilidade para fartura nas colheitas. Fogueiras eram acesas e dançava-se para espantar os maus espíritos.
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E aqui no Brasil, onde somos fruto dessa mistura de inúmeros povos distintos, tomamos o poder que se manifesta em Xangô para nos abençoar e promover, quem sabe, a paz entre os povos e suas crenças. Essa é uma luta da minha família, de milhares de irmãos e minha pessoalmente - não acredito que tenha sido por acaso que nasci nessa data há 47 anos. Liberdade religiosa está garantida na nossa Constituição, mas, infelizmente, ainda hoje as religiões afro-brasileiras continuam sendo as mais perseguidas no país.
*É vereador do DEM, líder do governo na Câmara do Rio e defensor da liberdade religiosa