Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

Por Aristóteles Drummond*
O presidente Bolsonaro tem sido duramente atacado na CPI da pandemia. Realmente o que tem sido apurado já era sabido. Ele adotou uma postura negacionista, se aventurou e teimou em recomendar remédios sem base cientifica, negligenciou claramente a compra de vacinas, fez pouco caso da CoronaVac, que acabou sendo a principal em uso no país.
Mas convenhamos que mais importante do que esta postura lamentável é que o governo liberou recursos para estados e municípios suficientes para o bom desempenho na proteção da população atingida pelo vírus. E roubaram, construíram hospitais de campanha e os desativaram em plena pandemia. Os registros de compras de equipamentos são inacreditáveis, inclusive por se pagar o que não foi entregue.
Publicidade
O presidente pode até ter exagerado na injeção direta de dinheiro em mais de 50 milhões de brasileiros, em arriscado endividamento público. E parece que quer dar mais. Logo, não tem sentido essa cobrança exagerada e vergonhosamente protegendo ladrões. A CPI entra em fase de desgaste. O que não retira a culpa presidencial. Mas é preciso reconhecer que afinal a ficha caiu e ele começou a agir pessoalmente na busca das vacinas, inclusive no adiantamento do encomendado. E não ter perdido a oportunidade de abrir logo ao setor privado, sem restrições, para acelerar a imunização, sem prejudicar o SUS, outro erro dele.
Destas nem se fala mais, tais as distorções incluídas no projeto. O governo prima pela incompetência, pelo isolamento, pela preferência por figuras menores em seu entorno. Pura insegurança do presidente, em aparições que beiram o ridículo, como se a campanha eleitoral não tivesse terminado – quando, mesmo se fosse esse o período, nem deveria ter começado, com pandemia, desemprego, projetos emperrados no Congresso.
Publicidade
O presidente não tem de falar em políticas de enfrentamento à pandemia, muito menos ficar em campanha, promovendo aglomerações e, claro, muito menos agredir políticos, magistrados, inclusive com palavreado inadequado. E constranger nossos militares. Deveria ficar usufruindo dos acertos de ministros relevantes como Teresa Cristina e Tarcísio Freitas. Deveria mostrar o trabalho de Ricardo Salles, tão dura e injustamente tratado pela mídia em geral. Ele está cuidando de implantar políticas do lixo urbano, de despoluição dos rios, do mar, de promoção do saneamento e da atividade sustentável na Amazônia, para resgate de 20 milhões de brasileiros.
O presidente o apoia, pois sabe que ele é um excelente quadro, mas não promove instrumentos de esclarecimento à opinião pública nacional e internacional. E os incautos acabam por acreditar que o ministro erra, estimulando a pusilanimidade pela omissão.
Publicidade
Tem de reformar a equipe para dar agilidade ao governo, pois, sem acertar na gestão, não terá nunca sucesso na eleição. Não é possível ministros criadores de caso, inábeis, incapazes de pautar reformas e até mesmo com dificuldades para aprovar o orçamento. Na política, o vexame é maior. Mesmo com maioria no Senado, deixaram a CPI ser composta por adversários.
Acorda, presidente! A estabilidade do país precisa de uma postura mais compatível com o alto cargo que 58 de milhões de brasileiros lhe conferiram. Não se contente com meia dúzia de seguidores, pois estas “multidões” que o aplaudem são insignificantes no universo necessário para repetir o feito de 2018. Não se iluda.
Publicidade
*É jornalista