Raul VellosoReprodução
Todos os itens dos orçamentos contribuíram de alguma forma para essa deterioração, mas o item que, isoladamente, parece mais se destacar refere-se aos déficits previdenciários, que, nessa mesma mudança de mandato, passaram de R$ 163,3 bilhões, em 2011-14, para R$ 320 bilhões, em 2015-18, ou seja, praticamente dobraram de valor.
O ponto central aqui é que, enquanto não se atacar a raiz do problema – a questão previdenciária -, a cada ano que passar os estados de maior peso se verão diante de uma encruzilhada, pois a adoção da velha fórmula – fazer quase nada – vai empurrá-los na direção de zerarem seus investimentos, algo que já vem acontecendo em vários entes, inclusive em um caso que é bem próximo dos leitores deste jornal – o da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, que, a meu ver, já chegou lá.
Junto com essa disparada (e em boa medida por conta dela) se elevaram bastante os “déficits orçamentários totais”, ainda que a taxa de investimento medida pelo IBGE em % do PIB para o conjunto dos estados brasileiros tenha se reduzido em 60% entre 2010 e 2019, o que obviamente atenuou consideravelmente o impacto sobre as contas subnacionais. Ou seja, além dos déficits previdenciários bem mais altos, as administrações vêm também enfrentando aumentos pesados nas contas do “pessoal ativo” e das “outras despesas correntes”, para justificar tão pesada deterioração dos déficits orçamentários totais, o que mostra que o problema é bem maior do que se pensa.
Quais têm sido as saídas e como elas se afiguram à frente?
Grosso modo, começando pela emenda constitucional de dezembro de 2019 que tratou da última Reforma da Previdência, cada ente terá de construir um plano de equacionamento de seu passivo atuarial (ou seja, zerar a dívida previdenciária para com seus servidores). Terá também de implantar um pacote de previdência complementar para os que ganham acima do teto do INSS, tudo isso com prazo até o final do corrente ano.
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