Adriana Balthazar - deputada estadual do Novo-RJDivulgação

Por Adriana Balthazar*
Todos nós, publicamente expostos ou não, temos opiniões sobre assuntos diversos, principalmente, os que afetam diretamente a nossa vida cotidiana. Com a pandemia, fomos tomados por inúmeras incertezas sobre como reagir diante de situação tão ameaçadora, mas, se é possível ter uma única certeza nesse ambiente nebuloso e polarizado que estamos vivendo, é a de que somos seres humanos e, como tal, devemos ter solidariedade e empatia. Por isso me senti inteiramente representada por Juliana Paes.
Em resposta aos ataques que recebeu de uma colega de profissão, após defender o tratamento desrespeitoso dado à médica Nise Yamaguchi, na CPI da Covid, a atriz se posicionou de forma digna sobre seu direito de pensar diferente do que se espera. Uma atitude corajosa considerando que, hoje, já não podemos mais nos pronunciar livremente sem que uma patrulha frenética venha nos julgar e, não raramente, nos desqualificar.
Publicidade
Não somos obrigadas a escolher entre duas únicas ideologias para provar que temos uma atitude política. Nem muito menos nos tira o direito de nos indignar, mas agir com dignidade e respeito na luta por causas que consideramos justas. Podemos, sim, usar nossa visibilidade para apoiar causas humanitárias, sem, necessariamente, ter que se posicionar como representantes de um dos lados dessa disputa política insana.  Como se não fossemos seres plurais, com capacidade para concordar e, ao mesmo tempo, discordar sobre um mesmo assunto, dependendo da ótica em que ele é enxergado.
Não. Não se trata de estar, ou não, do lado da vida ou da morte, como muitos bravejam em suas redes sociais, nos obrigando a escolher um partido desse ringue. Quando vivemos em uma democracia, se trata de respeitar a opinião alheia e de abrir espaço para a discussão fértil, sem ironias e linchamentos públicos. Não devemos estar em lados opostos. Somos brasileiros que devemos lutar por alternativas eficazes para conduzir essa nação, com direitos e deveres preservados, ética, honestidade, transparência e inovação.
Publicidade
A pergunta que me faço quando vejo tanta gente julgando Juliana Paes é: onde estavam essas pessoas, incluindo a maioria da classe artística, quando, num passado recente, a corrupção devastava o país? Por que não demonstraram tamanha indignação com tanta falta de vergonha? Ou será que muitas pessoas também não morreram de fome e na fila dos hospitais diante de tamanha roubalheira aos cofres públicos? Espero que o grande público tenha parado para refletir sobre as palavras da atriz e faça um julgamento lúcido sobre o que queremos realmente para o nosso país.
Juliana Paes me representa, e tenho certeza que também representa muitos brasileiros que têm medo de levar um caldo se ¨colocar a cabeça para fora d´água. Extremismo não leva a lugar algum. Devemos usar nossa visibilidade como pessoa pública para pensarmos projetos para um Brasil na base da união. Somente dessa forma venceremos a crença enraizada de que seremos libertados de todo o mal por salvadores da pátria. Não se faz política sozinho. É preciso consenso para alinhar os objetivos e trilhar o caminho do desenvolvimento.
Publicidade
*É deputada estadual pelo Novo-RJ