Porém, pode haver luz, ou melhor, gás no fim do túnel. Um ponto de esperança está no novo Marco Regulatório do Gás Natural (Lei 14.134, de 2021). Com isso, espera-se, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), investimentos da ordem de R$ 50 bilhões no país e o Rio possui atributos para essa disputa. Do ponto de vista logístico, por exemplo, o estado tem rede modal completa que abrange milhares de quilômetros em rodovias e ferrovias, além de portos e aeroportos.
Mas, se por um lado o empresariado vislumbra uma retomada da cena industrial fluminense, por um outro, algumas medidas vão de encontro a esse movimento. Falando especificamente do setor químico, o fim do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), criado em 2013 para alavancar a competitividade das empresas instaladas no Brasil frente ao mercado internacional, colocaria o nosso país em grande desvantagem.
Já quando trazemos esse cenário para a realidade do parque industrial do Rio, onde a indústria química está presente em todas as suas regiões e representa 4% do PIB do estado, não estamos falando apenas sobre a iminente perda de receita. Há de se considerar o impacto socioeconômico direto na força de trabalho de quase 15 mil empregos formais e, consequentemente, um aumento da fila do desemprego que já chega a quase 1,5 milhão de pessoas. Isso porque, de acordo com dados do IBGE, o Rio é o quarto estado com maior número de desempregados no Brasil.
No caso do Polo Gás-Químico de Campos Elíseos, localizado em Duque de Caxias, segundo município em arrecadação de ICMS no estado, a importância do polo é tanta, que ele responde por 65% do orçamento municipal. Em termos de geração de riqueza para todo o estado e considerando apenas a indústria do plástico, no ano passado foram arrecadados R$ 349 milhões em ICMS.
Diante desse cenário, as empresas e o estado poderiam ter mais diálogo para a construção de parcerias estratégicas. Já que quando uma indústria é instalada, ela passa a ser uma peça propulsora para o desenvolvimento de toda uma região e das comunidades vizinhas, com ações e programas sociais. E quando ela fecha as suas portas ou reduz postos de trabalho, o impacto não chega apenas à administração pública, mas também à vida de milhares de famílias.
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