Luís Cláudio de Souza Leão, presidente do Clube Empreendedor e um dos líderes do Coalizão RioDivulgação

Por Luís Cláudio Souza Leão*
O desmonte de empresas e empregos pela pandemia tornou ainda mais urgentes os investimentos que o Rio de Janeiro precisa para retomar seu destino de Cidade Maravilhosa. A privatização da Cedae trouxe ao carioca a expectativa de voltar a construir o futuro, pois a prefeitura deve receber R$ 5,5 bilhões do valor arrecadado com a venda da companhia. Mas o que será que o Rio de Janeiro vai fazer com esse dinheiro?
Da última vez que a cidade recebeu recursos extras tão vultosos, por ocasião de sua preparação para a Copa do Mundo e a Olimpíada, grande parte foi gasta em obras mais vistosas do que estratégicas. Projetos como os teleféricos do Alemão e da Providência, a ciclovia de São Conrado, o VLT e o BRT tinham em comum, além de preços elevadíssimos, o fato de terem sido lançados sem uma discussão com a sociedade sobre as verdadeiras prioridades cariocas. O então prefeito, Eduardo Paes, tinha pressa para não desperdiçar a oportunidade.
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O mesmo gestor tem agora uma nova chance de usar a sorte grande para interferir no futuro da cidade de forma mais duradoura. As carências são tão diversificadas como os centros de estudos de excelência aptos a iluminarem as decisões do Executivo. Uma das prioridades para as quais Eduardo Paes tem acenado no terceiro mandato é o repovoamento do coração da metrópole. Se investir bem neste caminho, sem arroubo mas com inteligência, entrará na galeria dos maiores realizadores da história do Rio.
É imenso o potencial de geração de emprego e renda a partir da ocupação robusta do Centro da cidade, incluindo a fronteira aberta no Porto Maravilha. Foi onde o Rio nasceu como capital de um grande reino e de um promissor império, é onde as zonas Norte e Sul se encontram em direção à Baixada Fluminense e ao interior do estado. É a região do país mais bem servida por modais de transporte e por equipamentos culturais, entre dois aeroportos, com porto, estrada de ferro, rodovias. Está tudo pronto, esperando há décadas por um gestor com visão de futuro.
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O projeto Reviver Centro surgiu como devem nascer os grandes projetos públicos: a partir de consulta a especialistas, moradores e agentes econômicos do território. Se na modelação do Porto Maravilha, maior experiência continental de parceria público-privada em urbanização, havia dicotomia entre a vocação comercial ou residencial das vastas áreas de Gamboa, Saúde e Santo Cristo, a reviravolta provocada pelo novo normal mundial eliminou as dúvidas.
É preciso ressignificar os espaços públicos para que casa e trabalho concorram para a sustentabilidade e o conforto. Não há mais dúvidas de que o Centro precisa de moradores e de que seu renascimento irradiará riqueza na direção da Avenida Brasil, de São Gonçalo e da Baixada Fluminense, áreas mais carentes e populosas do estado.
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Pela dimensão de seu poder transformador, a reocupação do Centro deve unir os investimentos da prefeitura, a ousadia dos empreendedores e a ação firme do Estado na Segurança Pública, na despoluição da Baía de Guanabara e no zelo para que os concessionários de barcas, trens, metrô e ônibus intermunicipais trabalhem direito. O Rio não precisa de milagre nem de obras megalômanas, mas de inteligência e coragem.
*É empresário, presidente do Instituto Coalizão RIO