Alfredo E. Schwartz, presidente da AeerjDivulgação

O mundo mudou, e pelo jeito nunca mais voltará a ser o mesmo.
Vamos certamente aprender a conviver com o Covid 19, as vacinas serão cada vez mais eficazes, mas o vírus veio para ficar. Como todos os vírus, o Covid é mutante, e cada cepa exigirá mais um tipo de vacina.
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Os países que acreditaram estar com o vírus sob controle e relaxaram as medidas de proteção estão pagando um preço macabro. O vírus respondeu com o recrudescimento da doença em ritmo acelerado, fronteiras voltaram a ser fechadas, distanciamento social e uso de máscaras voltaram a ser obrigatórios, os frascos de álcool 70 voltaram aos bolsos e bolsas.
O caminho do Vírus é aleatório, ora incide sobre os mais jovens, ora sobre os mais velhos, e sempre visando os portadores de comorbidades, para se aliar a elas e aumentar sua letalidade.
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O ser humano é gregário por natureza, o abraço, o beijo (dois no Rio, um em Sampa), eram um cumprimento natural entre amigos, mas isso acabou. Se alguém se esquece do vírus ao ver um amigo e tenta abraçá-lo, encontra dois braços esticados e um palavrão.
As crianças nascidas no curso da pandemia se habituam desde que nascem a ver todos os adultos de máscara, como bandidos de antigos filmes de faroeste.
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Tentamos, sem querer, imaginar como são os rostos por trás das máscaras, e geralmente nos surpreendemos quando por algum motivo elas são retiradas.
O primeiro meio de comunicação da espécie humana, desde seu advento, foi a expressão facial. Amor, ódio, alegria, tristeza, medo, eram a linguagem reconhecida por todos, sem necessidade de palavras. Perdemos isso, quando ganhamos as máscaras.
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Outra perda sem tamanho foi a da confraternização no ambiente de trabalho, substituída pelo triste “home office”. As pessoas trabalham em casa, muitas não estão nem saindo para pegar sol, encontrar pessoas, interagir com quem quer que seja. As compras são efetuadas via internet, e os entregadores são solicitados a deixar as encomendas na porta de casa, que só abrimos quando temos certeza de que foram embora. Trocamos o elevador pela escada, e não paramos mais para bater um papo com o porteiro.
Seguindo com temas desagradáveis, voltamos a falar da Prefeitura e do Governo do Estado.
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O Prefeito já afirmou que não vai pagar os débitos dos anos anteriores, os mal afamados “restos a pagar”. Depois mudou o discurso: está auditando todas as faturas, e advertiu as Secretarias por terem assumido compromissos sem verba para cumpri-los. Porém, tem feito pagamentos e criado novos compromissos sem respeitar a ordem cronológica como manda a Lei, o que configura prevaricação e pode resultar em impeachment.
Está sufocando as empresas, e as que podem não estão mais entrando em licitações da Prefeitura. As que, devido às dificuldades geradas em grande parte pela situação relatada, não podem deixar de participar das licitações, estão ganhando obras que provavelmente não vão concluir.
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O Governo do Estado, por sua vez, manteve o cancelamento das faturas por prescrição, criando uma situação semelhante à que ocorre na Prefeitura, com iguais consequências.
Outro problema que vai acarretar a paralisação de muitas obras é a falta de readequação dos preços unitários dos contratos em andamento, devido ao aumento do custo dos insumos em geral, principalmente derivados de petróleo e aço. Em outros estados os Órgãos contratantes já admitem a readequação. Aqui, no Estado e no Município, isso ainda não ocorreu.
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Mas o dia está lindo, vou sair para pegar um sol, que ninguém é de ferro.
Usem máscara, álcool 70%, pratiquem distanciamento social.
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*É presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)