De nada adianta concentrar a riqueza em um só lugar. Apenas com um interior forte, o estado crescerá de verdade. E só há desenvolvimento pleno quando todos se desenvolvem. Com diálogo entre todos, união e muito trabalho
Tempestade perfeita. Essa pode ser uma definição para o cenário que encontrei no dia 28 de agosto do ano passado, quando assumi o cargo de governador. Faltavam R$ 6,2 bilhões em caixa para finalizar o ano e os servidores viviam a ameaça de não receber os salários a partir de outubro. O Regime de Recuperação Fiscal (RRF) iria vencer em menos de dez dias, e o estado havia perdido interlocução com o governo federal, Assembleia Legislativa, Congresso Nacional e prefeituras. Tudo isso em meio à pandemia da covid-19.
Por maior que fosse a competência da nossa equipe, seria impossível sair dessa situação crítica sem, antes de tudo, um somatório de forças. Partindo dessa premissa, sempre com diálogo, trabalho e simplicidade, foi possível criar um novo ambiente que permitiu negociar a prorrogação do RRF, pagar os servidores e repassar aos municípios mais de R$ 500 milhões para enfrentar a pandemia. Com controle rigoroso de despesas e aumento de arrecadação, fechamos 2020 com R$ 800 milhões em caixa. Uma mudança de panorama que já prenunciava que novos ventos sopravam no estado.
De lá para cá, o governo acentuou os esforços pela recuperação econômica, geração de emprego e renda. Prova disso foi o sucesso da concessão dos serviços de saneamento, que arrecadou R$ 22,6 bilhões, com ágio de 140%, em uma demonstração da confiança dos investidores no Rio. Dados mais recentes indicam que o trabalho já se transforma em resultados. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Produto Interno Bruto (PIB) do estado teve alta de 1,7%, no segundo trimestre, e de 10,3%, no ano, em comparação com os mesmos períodos de 2020. Esse crescimento é um sinal robusto de uma retomada econômica. Tanto que a mesma pesquisa revisou a projeção de crescimento do estado neste ano de 3,8% para 4,2%.
A chegada ao Rio de gigantes do varejo como o Magazine Luiza e a Amazon comprovam esta percepção por parte dos investidores: que o governo do estado é parceiro para as empresas, oferecendo credibilidade, ambiente de negócios favorável e segurança jurídica. Essa confiança do empresariado vem se materializando ainda, e principalmente, na geração de novos postos de trabalho.
A situação é ainda muito difícil para muitas famílias, mas já é possível ter a perspectiva de dias melhores. De acordo com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de abril a junho, o Rio registrou um saldo positivo de mais de 38 mil empregos formais. Temos hoje, em todo estado, taxas consecutivas de crescimento na oferta de emprego, acima da média nacional. Nos últimos meses, recuperamos oito em cada dez vagas perdidas após o início da pandemia.
Também tivemos melhoras significativas no setor de serviços e no segmento de bares e restaurantes, que foi beneficiado pela lei estadual que reduziu o ICMS dos alimentos servidos nesses estabelecimentos. Acreditamos que o saldo de empregos deve se manter em alta nos próximos meses, em função do grande volume de investimentos previstos em todo o estado.
Segundo o Mapa dos Investimentos que vem sendo elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, de janeiro a agosto foram anunciados cerca de R$ 68 bilhões de investimentos nacionais e internacionais, que serão realizados pela iniciativa privada nos próximos anos, em todo o estado. No setor público, anunciamos o PactoRJ, que vai investir R$ 17 bilhões nos próximos três anos para projetos divididos em oito eixos: Infraestrutura, Social, Saúde, Desenvolvimento, Educação, Segurança, Meio Ambiente, Cultura e Lazer. Sem falar nos recursos provenientes do leilão do serviço de saneamento, aplicados diretamente pelo estado ou entregues aos municípios.
Os recursos do PactoRJ alcançarão todos as 92 cidades do Rio de Janeiro. Da capital ao município menos populoso. De nada adianta concentrar a riqueza em um só lugar. Apenas com um interior forte, o estado crescerá de verdade. E só há desenvolvimento pleno quando todos se desenvolvem. Com diálogo entre todos, união e muito trabalho. E é nesse caminho que seguiremos em frente.
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