Opina 08 outubroArte Paulo Márcio

O tabuleiro político não para de se mexer, é o jogo da política sendo jogado. Estamos a um ano da eleição presidencial de 2022, mas o jogo político já é intenso. O próximo movimento significativo nesse tabuleiro é a união do DEM com o PSL. O DEM vem de desgastes eleitorais e políticos nos últimos anos. É um partido de longa tradição da direita, tem capilaridade e importância nas cinco regiões do Brasil. O PSL surge impulsionado pela eleição disruptiva de Jair Bolsonaro, em 2018 e pelo "lavajatismo".
Essa fusão vai concatenar uma oposição institucional e partidária a Jair Bolsonaro em todos os estados brasileiros. Esses partidos que se juntam para formar a União Brasil são siglas de direita, conservadores, que se colocarão contra a reeleição de Bolsonaro em 22. Portanto, há um deslocamento poderoso de forças da direita que estiveram com Jair Bolsonaro desde 2018 formando essa grande estrutura político-partidária com poder de competição nas diversas regiões do país.
O novo partido terá o maior fundo eleitoral, o maior fundo partidário, uma imensa capilaridade municipal. Muitos vão dizer que isso não é muito importante, que em 2018 essa estrutura foi derrotada por Jair Bolsonaro. PSDB e MDB tinham uma grande estrutura e fundo eleitoral. Mas não vamos descartar o poder de uma estrutura como a da União Brasil num processo eleitoral que não se mostra disruptivo como em 2018. As pesquisas de diferentes institutos, hoje, mostram Lula expressivo e Jair Bolsonaro, mesmo com desgaste, com uma resiliência importante, entre 10% e 20% dos eleitores, sem candidatos a colocar em risco suas candidaturas.
Assim, um partido de direita, organizado, tradicional, com mais de 80 deputados federais, muitos prefeitos, muitos governadores, presença nos 26 estados e no Distrito Federal, dinheiro do fundo eleitoral, dinheiro do fundo partidário e tempo de televisão, além de acesso às redes digitais e de smartphone, não pode ser descartado como poderoso. A União Brasil vem para ser oposição às campanhas de Jair Bolsonaro e Lula em 22 e eleger a maior bancada de deputados federais e governadores em estados estratégicos.
Esse cenário vai se agitar até abril de 22, período de definição de domicílio eleitoral, de mudanças de partidos e filiação partidária. No período de abril a junho de 22, os partidos vão se movimentar para oficializar as suas candidaturas. Temos uma novidade em andamento, que é o surgimento da União Brasil com a fusão do DEM com o PSL. Nada está definido, como é a regra dos processos eleitorais em uma democracia.
Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professor