Heloísa Aguiar - presidente do RioSolidário divulgação

Quem lida com instituições que atuam na ponta do atendimento social, no Estado do Rio, já sabe: apesar da retomada e da busca pela normalidade, a fome ainda não acabou. Aqui no RioSolidario, instituição que presido desde junho, os números só reforçam nossa certeza: diariamente não param de chegar apelos de cada uma das mais de 1.300 instituições cadastradas em nosso banco de dados. E não há distinção quando o assunto é insegurança alimentar. Há organizações das regiões Norte, Sul, Noroeste, Baixada e Capital.
Em comum, o pedido de ajuda pontual e a necessidade de mantermos a esperança acesa. Afinal, milhares de famílias fluminenses continuam lutando para se alimentar. Uma situação dramática que, mais do que nunca, precisa de nossa solidariedade e, principalmente, ação.
Em meio a pedidos de cobertores, roupas e brinquedos para abrigos, aqueles que mais chegam são os apelos por cestas básicas - algo que, historicamente, nunca foi o foco do RioSolidario, conforme nossos registros atestam. Mas a pandemia veio e mudou tudo, e não podemos ficar parados. São tantas as famílias ainda afetadas por este problema que temos a obrigação de alertar a sociedade. Se não nos unirmos, se não nos mantivermos firmes no propósito da solidariedade, nos arriscaremos a perder essa geração para a desnutrição e o abandono. E isso ninguém quer - muito menos nossa presidente de honra Analine Castro, a primeira-dama do estado.
Aliás, cabe aqui um parágrafo para falar do trabalho que Analine vem realizando, emprestando sua imagem junto à sociedade fluminense, num esforço que merece registro: ela nos tem ajudado demais, melhorando muito nossas metas de arrecadação de cestas básicas. Desde seu engajamento na causa, a partir de maio, quando o governador Cláudio Castro deixou de ser interino e Analine assumiu seu posto oficialmente, a primeira-dama está sempre presente: são almoços beneficentes, visitas a instituições sociais, declarações e entrevistas frisando sua preocupação com essa triste realidade.
Para nós, que administramos três creches - no Batan, Cidade de Deus e Vila do João - e a Casa Abrigo, instituição que recebe mulheres vítimas de violência doméstica e as encaminha para uma nova vida, seu engajamento é um bálsamo. Porque nós, do RioSolidario, não podemos admitir ninguém com fome. Em jogo está o futuro do Estado do Rio.
Por isso, seguiremos com projetos como a Locomotiva do Bem, que já recolheu mais de 30 toneladas de alimentos por onde passou, o Prato Solidário, parceria que fizemos com a Abrasel-RJ e que trouxe os restaurantes da cidade para nossa luta, e outros tantos como o Aniversário Solidário. Aliados às doações generosamente ofertadas por empresas e pessoas, nosso estoque de mantimentos cresceu, apesar das prateleiras onde as guardamos estarem quase sempre vazias. Afinal, realizamos um incessante trabalho de formiguinha na distribuição.
Temos 26 anos de vida e a única razão que nos move é fazer o bem sem ver a quem. Participe, doe na sua associação de bairro, condomínio, clube. Ou venha até nossa sede, na Travessa Euricles Mattos 17, em Laranjeiras. Não queremos e nem podemos deitar em berço esplêndido.
Heloísa Aguiar é presidente do RioSolidario, advogada especialista em Responsabilidade Social, já dirigiu a Obra Social da cidade do Rio de Janeiro e coordenou o curso de Direito da Universidade Estácio de Sá, campus Bangu e Recreio