Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) Jonas Pereira / Agência Senado

O noticiário econômico das últimas semanas evidencia de forma inequívoca os percalços e agruras vividas pela população brasileira frente a disparada dos preços que atingem desde os produtos da cesta básica aos combustíveis, itens de primeira necessidade e cuja inflação acumulada ao longo do ano já ultrapassa os dois dígitos, limite não registrado desde 1994. Enquanto isso, o desemprego segue alto, atingindo até mesmo os postos informais.

A condução desastrosa pelo governo federal da crise sanitária iniciada com o novo coronavírus teve reflexos profundos na Economia brasileira. A desvalorização recorde do real acabou com o poder de compra das famílias - em um ano a alta do dólar ultrapassa os 30%. Os consecutivos reajustes nos combustíveis, por exemplo, estão diretamente ligados à disparada do dólar e impactam em diferentes setores da Economia, especialmente o dos alimentos.

Um dos reflexos imediatos da alta nos derivados do petróleo é o encarecimento do frete - no Brasil, o transporte de mercadorias é feito predominantemente de forma rodoviária. Mas não fica apenas nisso. A desvalorização do real também estimula produtores a exportarem a produção, reduzindo a oferta no mercado interno e consequentemente forçando o aumento dos preços.

A energia elétrica é outra vilã a dificultar a vida das famílias. De setembro do ano passado até agora a inflação para este segmento ultrapassou os 20% e a criação da bandeira tarifária de escassez hídrica fatalmente ajudará a elevar este índice. Para além do impacto nas contas de luz, não estão afastados riscos de racionamento ou mesmo apagão energético. As perdas para o país seriam gigantescas e aprofundariam sobremaneira a crise que nos arrastamos para sair.

O resultado de toda essa incompetência pode ser visto no aumento da pobreza e miséria, especialmente nos grandes centros urbanos. O retorno do Brasil ao Mapa da Fome é a materialização do governo antipovo que se instalou em Brasília e seus delírios ideológicos não apenas envergonham a nação, mas a mata diariamente: são 19 milhões de brasileiros e brasileiras que não sabem se terão algo para comer em mais um dia de luta pela sobrevivência.

O novo coronavírus impactou economias ao redor do planeta de diferentes maneiras e o Brasil não ficaria imune a abalos. Mas enquanto outras nações já demonstram retomada da atividade econômica e exploram as possibilidades em um mundo que gradualmente supera a pandemia, por aqui vemos retornar a inflação galopante e todas as consequências aliadas à desastrosa gestão do governo federal. É preciso dar um basta no genocídio do povo brasileiro.
Randolfe Rodrigues é senador da Rede-AP e vice-presidente da CPI da Covid no Senado