OPINA17NOVARTE O DIA

Entre 2017 e 2018, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) quase deixou de existir, com a paralisação de todos os seus serviços em função da ausência de repasse de recursos por parte do governo do estado. Hoje, a situação é bem outra, a despeito da crise financeira decorrente da desaceleração da atividade econômica em virtude da pandemia da covid-19. E foi exatamente durante o combate à pandemia que a UERJ começou a dar a volta por cima, se tornando uma referência nacional na assistência aos pacientes, tanto no tratamento pós-covid, como na testagem e na vacinação da população. Foram mais de 70 mil pessoas vacinadas até agora.
A passagem do ensino presencial para o remoto, exigido durante o período pandêmico, foi acompanhado do mais completo programa de inclusão digital e de assistência estudantil do país. Foram distribuídos aos estudantes em vulnerabilidade social tablets e pacotes de dados, além, de auxílios para alimentação, transporte, creche, material didático e promovido o fornecimento de absorventes higiênicos.
Em parceira com o governo do estado, a UERJ passou a desenvolver vários projetos de interesse da sociedade fluminense, como o Observatório do Segurança Presente, o Revisa Rio, que apontará inconformidades nas folhas de pagamento do estado e o Rio Mais Alfabetizado. Hoje várias secretarias e órgãos estaduais mantêm os seus mais importantes projetos em parceria com a universidade, que se tornou a principal agência de políticas pública do Rio de Janeiro.
Cumprindo sua missão de estar presente no território do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ retomou o seu processo de expansão e interiorização, com o Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro, em Cabo Frio, como uma inovadora experiência de transformação de hospitais privados em unidades universitárias integralmente destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), importante alternativa ao descalabro das organizações sociais na área de Saúde no estado. Em breve serão inaugurados novos cursos de graduação no município.
A esse projeto, soma-se a incorporação do Centro Universitário da Zona Oeste (Uezo) , em Campo Grande, que passará a ser um campus da UERJ, naquela importante região da cidade, e a criação da Unidade Vaz Lobo, no coração do subúrbio do Rio, onde serão desenvolvidos novos cursos de graduação e especialização, além de atividades culturais extensionistas a partir das próprias experiências daquela comunidade.
Toda essa pequena revolução, em tão pouco tempo e, em um momento tão difícil quanto o da pandemia, só foi possível a partir da articulação com os agentes públicos estaduais, da inversão de prioridades orçamentárias e da busca dos recursos devidos constitucionalmente, de acordo com o índice da educação, e que não vinham sendo repassados à instituição. No seu aniversário de 70 anos, a UERJ apresenta-se como principal projeto de inclusão social do estado e a sua principal agência de políticas públicas, para continuar por muito tempo mudando a vida das pessoas.

Ricardo Lodi é reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professor de Direito Financeiro da Faculdade de Direito da UERJ, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Tributário, sócio fundador da Ricardo Lodi Advogados, mestre em Direito Tributário e doutor em Direito e Economia.