Lier Pires Ferreira e Paulo Baía: As eleições de 2022, a disrupção digital e a figitalidade da vida
O futuro presidente, seja qual for, deverá refundar ações e estratégias pois a disrupção digital e o mundo figital não são tendências para o futuro, mas fatos do presente
Lier Pires Ferreira, sociólogo, cientista político e professor do IBMEC/ Colégio Pedro II. - Divulgação
Lier Pires Ferreira, sociólogo, cientista político e professor do IBMEC/ Colégio Pedro II.Divulgação
Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professorDivulgação
A sucessão presidencial de 2022 está sendo jogada desde o início de 2021. Hoje, há três candidatos "consolidados'' à Presidência: Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes. Segundo os institutos de pesquisa, Lula está à frente dos demais. Mas uma eleição nunca é definida por pesquisas eleitorais. Neste momento, sem que todas as candidaturas estejam definidas, cabe às pesquisas nutrir as estratégias de campanha, pois é certo que novos candidatos vão surgir, já que existem espaços para que outras forças políticas se apresentem à sociedade, sem esse proselitismo histérico da Terceira Via.
Cada eleição tem uma pauta que move os sentimentos do eleitor. Na última foi o combate à corrupção. Jair Bolsonaro a personificou e por isso foi vitorioso. A pauta da eleição de 2022 ainda não está definida. Mas, qualquer que venha a ser, para além dos desdobramentos relacionados aos mais de 610 mil brasileiros mortos pela necropolítica sanitária do governo, dentre os quais está o relatório da CPI da Covid-19, um fator preponderante é a consciência de que os problemas socioeconômicos do país são graves. Os produtos do dia-a-dia estão com preços assustadores, caros para valer. Os salários não acompanham a inflação. Ao mesmo tempo que existe falta de empregos e muita pobreza.
Em resposta a esses problemas, candidatos como Lula e Ciro vêm sinalizando a criação de milhões de empregos. Infelizmente, isso não irá acontecer como se espera, pois a disrupção digital e as relações híbridas entre sistemas físicos e digitais, que expressam o novo mundo “figital”, afetam todos os espaços da vida, inclusive a gestão pública. Não haverá emprego e renda para todos. Por isso, políticas públicas de renda mínima e proteção social são inevitáveis. Os governos deverão adotar novas ações e estratégias para enfrentar a disrupção digital e a figitalidade da vida. É isso ou o caos.
O futuro presidente, seja qual for, deverá refundar ações e estratégias pois a disrupção digital e o mundo figital não são tendências para o futuro, mas fatos do presente. Já não basta repisar modelos de desenvolvimento, trabalho e renda ora sepultados pelas novas realidades tecnológicas. A roda da história não retrocede. Ou o Brasil entra para valer no mundo figital ou seremos descartados como sociedade, nos tornando verdadeiros párias mundiais. O futuro é agora!
Lier Pires Ferreira é sociólogo, cientista político e professor do IBMEC/Colégio Pedro II.
Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professor da UFRJ.
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