Economista Raul VellosoDivulgação/Inae
Junto-me à defesa da parte emergencial do auxílio, que é o coração do que se quer fazer na política assistencial, e algo por que tenho me batido há muito em face da terrível pandemia, e porque podemos ter uma reviravolta desfavorável na contaminação, como vários outros países já estão se vendo ameaçados. Idem em relação ao vale gás e ao auxílio diesel, que se encaixam na mesma fôrma. Assim, se o governo tiver pensado em primeiro turbinar sua campanha eleitoral ao soltar essas medidas, isso é parte previsível do jogo político para ser enfrentado nas urnas, como, aliás, reconheceu publicamente o próprio Lula.
Quanto ao teto, saída emergencial que já se tinha esgotado mesmo antes dessa nova onda de gastos, pois há algum tempo mais de 90% do gasto se tornou obrigatório (isto é, previsto em alguma lei difícil de alterar), a única coisa que o seu cumprimento vem provocando é a derrubada dos investimentos públicos - a ponto de quase zerá-los - e do PIB potencial, prejudicando o combate à inflação em vez de ajudá-lo. Ou seja, cabe suspendê-lo urgentemente.
Em quadro tão difícil, não vejo outra saída que não seja financiar as novas e relevantes demandas por recursos públicos via emissão de dívida pública devidamente autorizada em lei, para pagar a parcela dos novos compromissos considerada efetivamente essencial. E depois decidir junto ao mercado e ao Banco Central que parcela desses papéis deverá ser monetizada, evitando pressões adicionais indesejáveis sobre as taxas de juros, como os americanos fizeram em sua crise de 2008.
(Veja minha entrevista de um mês atrás em: https://www.youtube.com/watch?v=3W5iiVYAju8&t=40s).
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