Raul VellosoReprodução
Quanto à situação fiscal brasileira – calcanhar de Aquiles para a maioria dos analistas – o ano se encerra com muita discussão sobre o que fazer para lidar com as novas e expressivas pressões de gastos que surgiram ultimamente (novos precatórios e Auxílio Brasil a R$ 400/mês por pessoa, entre outras), e com a perspectiva de o teto de gastos, peça-chave do arsenal oficial, ir definitivamente por terra. Dado o diagnóstico amplamente aceito por aqui de que o crescimento dos gastos (e, portanto, da dívida pública) está na raiz da nossa inflação, os sinais oriundos do BC são de que só lhe resta subir os juros básicos com tudo de ruim que isso acarreta.
Um subproduto altamente indesejável disso tudo é o viés ante investimento público (especialmente em infraestrutura), e, portanto, ante crescimento econômico, decorrente, como é, do forte crescimento dos chamados gastos obrigatórios (ou gastos correntes com imposição prevista em algum instrumento legal difícil de deixar de cumprir), ainda que o nosso visionário ministro da Economia viva repetindo que virão bilhões e bilhões de reais em inversões privadas novas do exterior para expandir nossa infraestrutura e ajudar o Brasil a voltar a crescer...
Identifico, nada obstante, duas razões para algum otimismo na linha de frente econômica nos anos que se seguem. Primeiro, é na Previdência Pública, onde os gastos mais cresceram nos últimos anos. Ali, falta ainda dar curso, na grande maioria dos estados e municípios, à importante reforma das regras previdenciárias aprovada no final de 2019, e aportar ativos aos fundos previdenciários em volume suficiente para completar o processo de ajuste e incrementar os investimentos locais.
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