opina28janARTE KIKO
Embora a doutrina política e legal estabeleça uma separação entre Igreja e Estado, uma linha imaginária que mantém afastados o poder e a mão forte do governo da liberdade e da fé religiosas, ao longo da história, líderes de várias religiões conquistaram destaque social e poder político ao redor do planeta. Nesse contexto, Moisés foi um dos primeiros líderes religiosos e políticos.
Num país sufocado por discursos políticos quase em forma de ódio, a exaltação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) como terrivelmente evangélico soa dissonante do bom senso. O ministro deve ser admirado pelo conjunto de seu trabalho ao longo da carreira. Ele é um representante da Justiça e, como tal, deve ser imparcial. Religião, Justiça e política não devem se sobrepor uma à outra.
Como rabino e professor de judaísmo, acredito que, quando se renuncia a princípios religiosos em nome da política, surge um conflito inevitável. Não há problema algum em um líder religioso ir à Câmara dos Deputados, por exemplo, representar sua comunidade, sua fé, seus preceitos. Entretanto, como religioso, não se deve entortar seus princípios em nome do politicamente correto ou de uma bandeira política.
A política e a Constituição mudam ao longo dos anos, mas a religião, não. Nunca devemos esquecer que uma religião pautada em seus valores eternos e divinos é a que faz uso do bom senso. Desta maneira, um líder deve ser pautado pelo bom senso. Aquele que faz uma leitura extremista não serve nem como líder religioso nem como líder político.
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