Opinião 21 fevereiroArte Paulo Márcio

Os católicos brasileiros de militância política, no clero, na CNBB, no PT, PSB e Psol, que há muito promoveram o casamento de Lenine com João Paulo II, estão em constrangedor silêncio com o que se passa na Espanha, em que a coalizão de esquerda resolveu ressuscitar o anticlericalismo no país de Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz e dos reis católicos.
Sempre prontos a manifestarem solidariedade a regimes como os de Cuba, Venezuela, Nicarágua e governos de esquerda como os do Peru, Argentina e México, não se manifestam, assim como a CNBB, que sempre escondeu que D Pedro Casaldaglia a par de sua militância esquerdista era admirador de Franco.
Pouco ou nada noticiado no Brasil, a coalizão de esquerda, na Espanha quer abrir uma CPI para investigar a Igreja Católica nos casos de abusos sexuais a menores nas escolas e igrejas. E não concordaram com a proposta dos conservadores de que a ser investigado os abusos a nível do Parlamento, que o seja para todos os casos conhecidos e também nos estabelecimentos oficias que abrigam menores e não apenas a Igreja, que seria alvo de uma nova inquisição.
Parte da sociedade espanhola está indignada, lembrando que durante a guerra civil foram executados mais de dez mil religiosos, sendo que João Paulo II fez mais de dois mil mártires e alguns beatos, como as religiosas do convento de Los Angeles, perto do aeroporto de Madrid que viram a imagem de Cristo em pedra em seu pátio ser alvo de histórico “fuzilamento”, com registros fotográficos.
A Espanha tem sido nestes anos socialistas palco de uma política carregada de ódios sem precedentes nas democracias. Ruas, escolas e monumentos que possam lembrar os anos de reconstrução e unidade do país são alvo do mais barato revanchismo. Neste momento em que a América Latina assiste a opções equivocadas em alguns países, com riscos de um caminho sem volta para ditaduras e políticas empobrecedoras, os brasileiros precisam se informar melhor sobre as identidades entre nossas esquerdas e
as semelhantes no sofrido continente.
Parece muito claro que a questão social depende do crescimento econômico e este depende do investimento do setor privado local ou internacional. Claro que não recomenda investimento de governos que geram ambiente negativo ao investidor, especialmente em suas políticas fiscais e sociais. Não se conhece casos de sucesso nestas experiências. E o Brasil perdeu tempo e posição quando governado por estas forças do atraso, que criou uma casta de privilegiados, acima das crises.
As forças vivas da nacionalidade, como empresários, militares, profissionais liberais e políticos sem paixão ideológica precisam pensar sobre a importância das eleições deste ano. Tudo leva a crer que a opção mais falada, Lula ou Bolsonaro, não atende aos interesses do povo. Quem viver, verá.
Aristóteles Drummond é jornalista