Arte coluna opinião 28 fevereiro 2022Arte Paulo Márcio

Nada mais natural e esperado do que a união via federação do PSDB com o Cidadania. Ambos têm o mesmo DNA ideológico, comungam ideais marxistas, com toques leninistas. Neste mundo hipócrita que se tornou a política brasileira, a esquerda envergonhada insiste na balela de que “o comunismo morreu”, mas eles continuam na defesa de estatais, defendem políticas econômicas intervencionistas e não fazem o natural “mea culpa”.
O Cidadania sucede ao PPS, que sucedeu ao Partido Comunista Brasileiro e, curiosamente, no melhor estilo stalinista, tem o mesmo presidente. Roberto Freire é um político respeitado, foi deputado e senador, ministro de Estado. Ao que parece, um marxista idealista e convicto.
O PSDB foi fundado por opositores do regime militar, alguns de militância radical na luta armada, outros intelectuais de esquerda, como o presidente FHC e José Serra, que foi orador no comício de Goulart, quando presidia a UNE, ligadíssimo aos comunistas, como narra no excelente e sincero livro que publicou em 2014, contando suas atividades antes da revolução e o exílio.
Os tucanos paulistas mantêm o governo de São Paulo desde 1982, exceto nos dois mandatos do PMDB com Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury. O esquerdista Mário Covas, na campanha presidencial de 1989, quando chegou em quarto lugar, defendeu “um choque de capitalismo pelo progresso do Brasil”, tentando roubar a bandeira que elegeu Fernando Collor, que efetivamente abriu nossa Economia, colocando as privatizações na pauta nacional.
O que pode existir de Centro democrático no partido são os mineiros, paraenses e gaúchos. O governador de São Paulo, mais de uma vez, e por duas candidato do partido à Presidência da República, Geraldo Alckmin é o mais cotado para vice de Lula. Mais uma prova das identidades. Aliás, FHC declarou que tinha orgulho de que sua sucessão contou com todos os candidatos de esquerda.
O povo não é bobo, não quer Lula nem Bolsonaro. Mas também não quer Moro nem o insistente e temperamental Ciro Gomes. A terceira via tem chance e passa pela moderação de Eduardo Leite, Simone Tebet, Romeu Zema e até nas hostes bolsonaristas, com Tarcísio Freitas e Teresa Cristina, o que poderia ser a grande jogada de Bolsonaro, se efetivamente ele não queira devolver o Brasil ao PT.
A política de conchavos, com lastro na incoerência ou na esperteza, não tem respaldo na maioria silenciosa e informada. O Brasil quer e precisa de paz e progresso. E, para tal, tem que ter de um governante de bom senso, boas ideias e passado ilibado.
Os dois que se apresentam, um não tem boas ideias e o outro não tem passado ilibado. Os tucanos paulistas já estão definidos, irão de Lula, abandonando seu inviável candidato, mas os mineiros podem viabilizar, com seu apoio, o nome para terceira. Talvez falte neste jogo justamente a sabedoria política que marca a política
mineira.
Aristóteles Drummond é jornalista