Arte coluna opinião 09 marçoArte Paulo Márcio

No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, o melhor presente que poderíamos receber é a aprovação, no Senado, do projeto de lei de minha autoria que cria o Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose no Brasil, a ser comemorado em13 de março. Dois anos após sua aprovação na Câmara dos Deputados, o PL 414/ 2020, que também prevê a criação da Semana Nacional de Educação Preventiva e de Enfrentamento à doença, é de suma importância para assegurar a qualidade de vida de milhares de mulheres em nosso país.

Segundo dados do Ministério da Saúde, de 10% a 15% das mulheres em fase reprodutiva têm a doença, são mais de 10 milhões de brasileiras. Por causa da dificuldade no diagnóstico, em 40% dos casos, a doença provoca a infertilidade.

A endometriose ocorre quando tecidos semelhantes ao endométrio se reproduzem fora do útero. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), a demora no diagnóstico está associada ao fato de a maioria das mulheres adiarem a ida ao médico por considerarem naturais as dores menstruais.
Quando chegam a procurar ajuda médica, muitas não são encaminhadas para exames mais detalhados capazes de diagnosticar a doença. Os principais meios de identificar a endometriose são a ressonância magnética pélvica e o ultrassom transvaginal.

Diante desse cenário, mulheres de várias partes do país, e do mundo, percorrem um verdadeiro calvário até descobrirem a doença, enfrentando sofrimento físico e, muitas vezes, até preconceito social. Estima-se que, por falta de informação, a maioria demore cerca de dez anos para chegar ao diagnóstico correto. Chamar a atenção para esse problema, divulgando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), não é só necessário, mas urgente.

A aprovação da minha proposta na Câmara dos Deputados e na Comissão de Educação do Senado, faltando apenas a votação em plenário de parte dos senadores, vai elevar a discussão do assunto ao nível que merece dentro das políticas de saúde públicas do nosso país.
A endometriose atinge uma a cada dez mulheres e os sintomas são bem claros: dores na relação sexual, cansaço, fluxo menstrual forte, cólicas. Mas por falta de informação, as pessoas acham que é normal. A melhor forma de lutar para combater essa doença silenciosa é conscientizando as mulheres sobre a necessidade da realização de exames preventivos periódicos e de ficarem atentas aos sinais do próprio corpo.
Tornar o combate à endometriose uma luta de toda a sociedade é o que precisamos para ajudar a salvar muitas vidas, através de tratamento clínico e cirúrgico. Espero que, em breve, possamos celebrar a vitória da saúde pelo conhecimento. E nada mais justo do que dar a todas as mulheres a oportunidade de serem tratadas com respeito e seriedade.
Daniela do Waguinho é deputada federal pelo MDB-RJ