Isa Colli é jornalista e escritora Divulgação

O mundo ainda repercute o evento que envolveu os atores Will Smith e Cris Rock no noite do Oscar 2022, esta semana. Como num grande tribunal de júri, muitas pessoas resolveram tomar partido, apontando o dedo para quem consideravam herói ou vilão. Acredito que esse caso não deveria ser visto sob a ótica de quem está certo ou errado. Cris colocou o dedo na ferida de Will ao debochar de sua esposa, uma mulher que luta e sofre por sua condição física; o outro cedeu à tentação da violência que, ainda que por um motivo justo, causou um dano tão grande ou maior que o primeiro. Em resposta à violência verbal, violência física: ação e reação; causa e efeito... uma sucessão de desrespeitos que não levou o debate a lugar nenhum.

As lições que eu tiro sobre isso é que precisamos falar sobre as brincadeiras que ferem, mas principalmente falar sobre inteligência emocional. Nós, adultos, também precisamos aprender a ter empatia - achamos que já temos, mas sempre há espaço para aprender mais. Temos de aprender a reconhecer nossos erros, pedir desculpas e, principalmente, a aprender que não somos perfeitos e que somos seres formados de luzes e sombras.

Estamos neste planeta para aprendermos uns com os outros a sermos melhores. Errar é parte do aprendizado, mas não devemos nos apegar ao erro.

O próprio ator admitiu que seu comportamento foi inaceitável e imperdoável. “Brincadeiras às minhas custas fazem parte do trabalho, mas uma piada sobre a condição médica de Jada foi demais para mim e reagi emocionalmente. Gostaria de me desculpar publicamente”, disse Will.

Pedir desculpas era realmente o melhor a fazer. O humor é para rir e não ofender. Piada tem que ter limite. Nada de perder um amigo, mas não perder a piada. Isso é coisa do passado. Não vejo ganho algum em ridicularizar o outro. Há limites para tudo e a piada perde a graça quando vira ofensa.

Vale observar, ainda, que violência gera violência. O estresse que as pessoas vivem, problemas emocionais, pressões sociais que vamos acumulando ao longo da vida, muitas vezes, geram atitudes radicais como a do Oscar.

Por mais tolerância, respeito, humanidade e sensibilidade com a dor do outro. Não vale a pena viver de reações destemperadas.
* Por Isa Colli é jornalista e escritora