opina 21jun VALE ESTAARTE O DIA

Quantos ativos intangíveis estão esperando para gerar valor para nossa sociedade agora mesmo, enquanto, como diria Bilac, “a Via Láctea, como um pálio aberto, cintila”? Esperando para gerar empregos, renda, qualidade de vida, felicidade? Esperando para serem vistos, lembrados, compartilhados, vividos? Seria impossível uma resposta definitiva, mas no campo do turismo científico, do astroturismo, não tenho medo de dizer que os números são grandes e as possibilidades substanciais.
As Reservas Dark Sky são um bom exemplo de ativos intangíveis que vem gerando valor pelo mundo, atraindo turistas e dividendos. São lugares que possuem uma qualidade excepcional ou distinta de noites estreladas. Alqueva, em Portugal, com uma média de 286 dias claros por ano e sua falta de poluição luminosa, é um case importante.
Foi o primeiro sítio do mundo a ser certificado com o selo Starlight Tourism Destination e hoje colhe os frutos de sua visão empreendedora. Esta certificação, concedida pela Fundação Starlight, é apoiada pela Unesco, UNWTO e IAC.

Outro exemplo da capacidade do turismo científico, são os eventos do setor. A 25ª Conferência Internacional de Física de Partículas e Cosmologia (Cosmo’22), que será realizada no Planetário do Rio, em agosto, após um esforço da prefeitura, traduz o potencial da Cidade Maravilhosa, que mesmo sem foco no segmento, consegue se impor com facilidade sobre as cidades concorrentes.
Quando falamos em ativos intangíveis, vale lembrar que o Rio de Janeiro é um dos estados com mais institutos de pesquisa desse país, nas mais diferentes áreas. Além de museus, parques, observatórios, reservas, planetários, universidades e fundações com foco em Ciências afins. Muitas dessas instituições com profundo impacto nacional. Aqui temos capital humano, infraestrutura instalada e contexto histórico para gerar riqueza com a aliança entre Turismo e Ciência.

Entender, mapear, organizar e dar visibilidade aos nossos ativos é a única forma de gerar prosperidade no campo do turismo científico. Foi exatamente isso que a capital federal fez com muito sucesso. Através do diálogo e da cooperação, criaram o Guia Turístico Científico de Brasília. Hoje, se beneficiam dessa iniciativa.
Tornar o Rio de Janeiro um exemplo nacional no turismo científico e no astroturismo não é apenas possível. É necessário. Inspirações não faltam e gente capacitada para tanto, também não. Está na hora de começarmos. Está na hora de mostrar ao mundo que aqueles que amam “ouvir estrelas” como no poema, são muito bem-vindos por essas plagas.
Afinal, como diz o outro poeta, “nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.”
Gledson Vinícius é presidente da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro