Dr Luizinho: Varíola dos macacos: melhor prevenir do que remediar
Por ora, a OMS informou que não se trata nem de epidemia, muito menos pandemia. Entretanto, é fundamental conter o surto antes que ele saia de controle
O Ministério da Saúde confirmou mais casos da Varíola dos Macacos no país. Ao todo, foram 17, sendo 11 em São Paulo, dois no Rio Grande do Sul e quatro no Rio de Janeiro. Outros dez continuam em investigação. Do total, cinco teriam ocorrido por transmissão local da doença. Dois deles no Rio de Janeiro e três em São Paulo.
No mundo todo, porém, segundo a plataforma de coleta de dados da Universidade de Oxford, há 2.667 casos registrados (dados do dia 20/6). Por isso, a OMS convocou na última terça-feira reunião de emergência para definir se Varíola dos Macacos é motivo de alerta internacional. “Estaríamos diante de mais uma epidemia?”, é a pergunta que muitos se fazem, quando ainda nem sequer nos livramos da pandemia do novo coronavírus.
Por ora, a OMS informou que não se trata nem de epidemia, muito menos pandemia. Entretanto, é fundamental conter o surto antes que ele saia de controle. Por isso, na condição de presidente da Comissão Externa de Acompanhamento do Coronavírus da Câmara, enviei requerimento ao Ministério da Saúde defendendo o controle de temperatura nos aeroportos, sobretudo de voos vindos de países em que os casos são mais numerosos, como da Espanha, que já registrou mais 600 pacientes com a doença. Fiz pedido semelhante ao então ministro Luiz Henrique Mandetta no Carnaval de 2020, sem ser atendido. Espero que a história não se repita.
Diferentemente da covid-19, a varíola dos macacos não é de fácil transmissão. O vírus é transmitido por meio de contato direto com animais ou humanos infectados ou com roupas e objetos de infectados, por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou o consumo destes, além de gotículas respiratórias e via sexual.
Descoberto em 1958, o vírus da Varíola dos Macacos – que provoca bolhas doloridas semelhantes à catapora – é endêmico na África. Por isso, causou estranheza quando, a partir de maio deste ano, dezenas de casos foram detectados em diferentes partes do mundo, ao mesmo tempo.
O período de incubação do vírus varia. Pode ir de sete a 21 dias, os sintomas costumam aparecer após quatro a dez dias e se vão após duas a quatro semanas. Apenas 6% dos casos são fatais – geralmente quando atinge crianças pequenas. Além das erupções cutâneas, causa dores na cabeça, costas e muscular, febre, calafrios, cansaço e inchaço dos gânglios.
Não há um tratamento específico e nenhuma vacina contra esse vírus. Especialistas dizem, porém, que a vacina contra a varíola também protege contra a variante dos macacos e droga antivirais também estão sendo desenvolvidas. O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças recomendou que todos os casos suspeitos sejam isolados e que os contatos de alto risco recebam uma vacina contra a varíola.
Que a experiência com a covid tenha nos ensinado alguma coisa. Não, não estamos diante de uma emergência mundial, mas, gatos escaldados que somos, sabemos que não podemos vacilar. O controle da temperatura de passageiros que chegam de países onde os casos são consideráveis é uma medida de Saúde pública necessária. É sempre melhor prevenir do que remediar.
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