Isa Colli é jornalista e escritora Divulgação
Dos 61,3 milhões, 15,4 milhões enfrentaram situação de insegurança alimentar grave. Esses números revelam uma piora significativa da fome no país, na comparação com o cenário entre 2014 e 2016, quando a insegurança alimentar atingia 37,5 milhões de pessoas, sendo 3,9 milhões passando fome.
São índices alarmantes que me fazem concluir que Tiago está coberto de razão. É inconcebível que as pessoas desperdicem alimentos, enquanto muitos não têm sequer o que comer.
A própria FAO reconhece em um de seus estudos que o desperdício de alimentos é um fator potencializador da insegurança alimentar e da fome no mundo. Segundo a agência da ONU, mais de 30% da produção mundial de alimentos é desperdiçada a cada ano entre as fases de pós-colheita e a venda no varejo.
E enquanto o Brasil é um dos maiores exportadores de insumos agrícolas do mundo, a população sofre com a desigualdade na distribuição de alimentos.
Segundo a ONG Oxfam Brasil, o volume de produtos exportados anualmente seria suficiente para alimentar toda a população do país. Entretanto, investe-se na produção agrícola para a venda de commodities, sem exigências por parte do governo para que uma parcela da produção seja distribuída no mercado interno.
É claro que nós, cidadãos, temos o dever de cobrar dos governos o fortalecimento das políticas públicas para reverter esse quadro, mas cada um também pode fazer a sua parte.
No Brasil, cerca de 10% dos alimentos são desperdiçados dentro de casa, o que nos coloca em 54º lugar em comparação com outros países, segundo a FAO.
Algumas ações poderiam nos tirar deste triste ranking: fazer a quantidade de comida suficiente para evitar sobras; buscar receitas para aproveitar as cascas e sementes de frutas e legumes; não armazenar grande quantidade de alimentos frescos, que podem estragar antes mesmo do consumo e o principal, ajudar doando mantimentos. Há várias ONGs e projetos sociais que recebem doações e distribuem para quem precisa. Pense nisso.
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