Eduardo Sucupira é cirurgião, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS)divulgação

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que mais de 1,5 milhão procedimentos estéticos são feitos no Brasil todos os anos, número que, no mínimo desperta atenção para um setor em franca ebulição. Esse número se deve principalmente ao aumento pela busca de intervenções cirúrgicas de caráter estético.
São diversos os procedimentos procurados hoje em dia: aumento ou redução das mamas, aumento de glúteos, blefaroplastia(que consiste na remoção dos excessos palpebrais), toxina botulínica(Botox®), aumento dos lábios, remoção das gorduras localizadas e rinoplastia (aperfeiçoamento da estrutura do nariz).
Alguns indivíduos se submetem a essas intervenções com o intuito de se adequarem ao padrão de beleza atual, frequentemente alterado em um curto espaço de tempo. Enquanto no passado eram necessárias décadas ou até mesmo séculos para que esse padrão fosse modificado, hoje os padrões se modificam constantemente, além das exigências para chegar a uma beleza “perfeita e ideal”.
A filosofia da cirurgia plástica é restaurar a função, gerar bem-estar, contribuir favoravelmente para a autoimagem do indivíduo, filosofia frontalmente contrária à venda de fantasia e ilusões realizadas por “mercadores” desqualificados que, não raramente colocam a vida de terceiros em risco.
Ocorrências atuais de erros e mortes em procedimentos estéticos e o aumento e sofisticação dos “golpes em cirurgia plástica”, chamam a atenção para a necessidade da escolha criteriosa do profissional, esclarecimento do paciente sobre possíveis riscos e os cuidados no pós-operatório. Procedimentos estéticos invasivos ou cosmiátricos devem ser executados por especialistas médicos.
A busca incessante pela “forma ideal de beleza” vem revelando a face mais perversa do mundo da beleza, como o aumento de problemas de saúde física e mental. Distorções físicas e até óbitos são resultados de uma impropriedade doentia contemporânea.
Sem limites, essas transformações acabam transformando o corpo em objeto para a apreciação, ou talvez, para a depreciação coletiva. A individualidade cai por terra.
O trabalho de um cirurgião capacitado não se restringe ao procedimento em si; é necessário entender as expectativas de cada paciente, suas motivações para realizar o procedimento e o seu momento de vida. Também é essencial certificar-se de que o paciente realmente se beneficiará daquele planejamento cirúrgico e, enfim, deixar claro que a beleza é múltipla. Não aceita padrões, é incomparável!
A busca equilibrada pela beleza é sensata e legítima. Não pode ser banalizada! Sentir-se bem, cuidar da aparência, da sua autoestima é dever de cada um. Não deixe se influenciar por esteriótipos e versões “filtradas”. A sua identidade é única e deve ser preservada a qualquer custo. A beleza genuína está na sua individualidade.
Eduardo Sucupira é cirurgião, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS)