O dia 21 de setembro é o Dia Mundial e o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Durante o Setembro Roxo acontecem ações que têm por objetivo aumentar a conscientização e esclarecer sobre a doença. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, estima-se que 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência. O Ministério da Saúde informa que a prevalência da doença em pessoas com 65 anos ou mais é de 11,5%.
O Alzheimer é uma enfermidade degenerativa do cérebro que provoca a perda de funções cognitivas (memória, linguagem, planejamento e habilidades visuais-espaciais), e sua causa é a morte das células cerebrais. Os primeiros sintomas podem ter início alguns anos antes dos familiares perceberem que o idoso está com demência. Podem ser esquecimentos simples, como troca de nomes, repetição da mesma história e mudança de comportamento.
A doença manifesta-se através de demência progressiva, que aumenta com o tempo e os sintomas começam lentamente e se intensificam, limitando atividades diárias. Quanto antes se iniciar o tratamento, procurando ajuda de um neurologista, melhor será para retardar o avanço. Um diagnóstico precoce é fundamental.
Durante os anos após o diagnóstico, o paciente passa por diversas fases – estágios inicial, intermediário e avançado. A velocidade com que isso vai acontecer depende de cada caso. Se a pessoa inicia um tratamento precoce, ela ainda vai ter qualidade de vida durante alguns anos. A progressão acontece de forma contínua e a maneira de se passar pelos estágios, normalmente, não é rápida se a pessoa recebe tratamento adequado.
Estudos demonstram que o risco de Alzheimer é maior entre as mulheres, por viverem mais. Não há como afirmar se é hereditário, apesar de algumas famílias terem mais de um caso. Medidas podem ser adotadas para que se previna o aparecimento da demência: exercitar o cérebro aprendendo coisas novas e estudando, ter vida social saudável, dormir bem, boa alimentação, praticar exercícios físicos, ir ao médico regularmente, não fumar e beber com moderação.
Ainda não existe um método que permita um diagnóstico preciso do Alzheimer. Ainda é feito pela identificação do quadro clínico característico e pela exclusão de outras causas de demência, além de exames laboratoriais e de imagem do cérebro. O tratamento da doença consiste em medicação e atendimento profissional multidisciplinar. Alguns fármacos são usados para retardar a perda de memória e outros para controlar o comportamento, pois muitos pacientes ficam deprimidos ou agressivos. O atendimento multidisciplinar é realizado por profissionais da área de neurologia, clínica médica, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e nutrição.
É importante alertar, que junto com os doentes, cresce também o número de familiares cuidadores que possuem sua rotina afetada. É comum o cuidador desenvolver doenças originadas pelo estresse. Esse familiar pode apresentar também depressão, exaustão, insônia, irritação e falta de concentração. Isso ocorre devido à sobrecarga de tarefas com o doente que aumenta com a evolução do quadro.
O cuidador deve tentar aliviar o estresse diário tendo um sono reparador, praticando atividades físicas, momento só para si, encontrando os amigos, meditando, exercitando a espiritualidade e se preciso for, participar de grupos de apoio. Ter conhecimento sobre a doença faz com que o familiar se prepare encarando as dificuldades de maneira mais prática.
André Lima é neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia
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