Wanderson Santos é presidente da Fundação Rio-ÁguasDivulgação

O Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a ser dotada de rede de esgoto, sendo precedida somente por Londres, na Inglaterra, e Hamburgo, na Alemanha. O primeiro passo foi dado no governo do Imperador D. Pedro II, em meados do século XIX. Em resgate a esta vanguarda carioca no saneamento básico, iniciada ainda no Império, a Prefeitura do Rio viabilizou, em 2009, um processo inédito de concorrência pública para conceder à iniciativa privada os serviços de esgotamento sanitário de 24 bairros da Zona Oeste, que formam a Área de Planejamento 5 (AP5).
O objetivo era acelerar o acesso ao esgoto tratado na região, que era a parte da cidade onde mais precisava de infraestrutura, de saneamento básico e de investimentos. A estimativa era de atingir 1,7 milhão de pessoas com os serviços, abrangendo cerca da metade do território do município.
Em janeiro de 2012, foi iniciada uma concessão de 30 anos somente de serviços de esgotamento sanitário, separados da distribuição da água. À época, esta era a maior concessão deste tipo no país. Hoje, após uma década de serviços concedidos, esse processo serve de modelo para negócios e os índices exitosos apontam que a universalização do esgoto tratado na maior parte desta região será realidade em alguns anos, conforme determina o Novo Marco Legal do Saneamento Básico, de 2020. Essa lei federal define que, até 2033, o sistema de esgoto sanitário deve atender a 90% da população. E seguimos nesta direção.
Em dez anos, os índices subiram de 5% para 56% de cobertura com esgoto tratado, atendendo, hoje, a cerca de um milhão de moradores de Deodoro a Guaratiba. Foram investidos cerca de R$ 1 bilhão pela concessionária Zona Oeste Mais Saneamento na região, para construir 600 km de novas redes coletoras; ampliar e modernizar a Estação de Tratamento de Esgoto de Deodoro, que é a maior da AP5, e construir as novas estações de Bangu e de Distrito Industrial, além de recuperar e tornar mais eficientes 21 estações existentes e 79 elevatórias. A concessionária ainda opera mais de cem estações de grupamentos habitacionais, que serão substituídas gradativamente.
Somente com a Estação de Tratamento de Esgoto de Bangu, mais de 28 milhões de litros de esgoto por dia deixam de poluir o meio ambiente e de seguir para o Rio Sarapuí, que deságua na Baía de Guanabara, o que representa 15 piscinas olímpicas por dia a menos de poluição. Além dos ganhos ambientais e de qualidade de vida, os moradores da região pagam uma taxa de esgoto, aproximadamente, 20% mais barata, em relação ao restante da cidade, mostrando que é possível oferecer serviço de qualidade com modicidade tarifária.
A Fundação Rio-Águas, vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura, é o ente regulador e fiscalizador do contrato de concessão do município e contribui para os avanços das metas. Estamos no rumo certo para que o esgoto tratado seja realidade para metade da cidade, onde a concessão municipal atua.
Wanderson Santos é presidente da Fundação Rio-Águas