Petrópolis - O vereador Hingo Hammes (DEM) foi eleito no dia 1º de janeiro de 2021 presidente da Câmara Municipal de Petrópolis (CMP) e logo em seguida se tornou o primeiro presidente do Legislativo a assumir interinamente o cargo de prefeito da cidade no início do mandato.
A posse do presidente da Câmara como prefeito é uma determinação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), seguindo o que prevê a Lei Orgânica Municipal nos casos de impossibilidade de o candidato mais votado nas últimas eleições municipais assumir o cargo, como aconteceu em Petrópolis.
Rubens Bomtempo (PSB) - candidato que venceu as eleições municipais do ano passado - teve seu recurso para registro de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que fez com que Petrópolis tenha que realizar novas eleições.
Em entrevista exclusiva a O Dia, Hammes falou um pouco dos seus primeiros 15 dias de governo e quais são seus planos na condução do governo da cidade até a realização de novas eleições municipais para escolher o novo prefeito:
O Dia - Assim que assumiu o governo da cidade, o senhor disse que a prioridade seriam as ações de combate à pandemia. Quais foram as ações já tomadas nestes primeiros 15 dias de governo e quais ainda serão tomadas até a escolha do novo prefeito?
Hammes - Logo nos primeiros dias identificamos a necessidade de ações mais enérgicas para resolver o problema da falta de médicos nos pontos de apoio e para melhorar o atendimento nas unidades de urgência e emergência não covid. Estas duas primeiras semanas foram de muita conversa, muito estudo, mas os resultados já começaram a aparecer.
Na quinta-feira (14) fizemos as primeiras mudanças no fluxo de atendimento e já percebemos uma melhora significativa. Ampliamos de dois para três os pontos de apoio para pacientes com sintomas da covid-19 (ao lado da UPA Cascatinha, em Itaipava e no Hospital Municipal Nelson de Sá Earp-HMNSE) e garantimos, em um deles – UPA Cascatinha, médicos 24 horas. Neste, estamos atendendo pacientes com sintomas moderados a graves. A orientação às pessoas com sintomas leves é que busquem atendimento no HMNSE ou no ponto de apoio Itaipava, onde temos equipes médicas das 8h às 20h e equipes de enfermagem 24 horas para a realização de testes.
Também mudamos o fluxo nas unidades de urgência e emergência não covid, reabrindo a UPA Centro e transformando a UPA Cascatinha em UPA Vermelha, exclusiva para internação. Com isso, pacientes que precisam de atendimento de urgência em função de outros problemas de saúde têm como opção a UPA Itaipava, a UPA Centro e o Pronto Socorro Leônidas Sampaio.
Estas mudanças, além de permitirem uma melhor organização das equipes, asseguram melhor infraestrutura tanto às equipes de saúde quanto aos pacientes. É claro que ainda há melhorias a serem feitas, mas estamos convictos de que o caminho é este.
Ao mesmo tempo em que fizemos esta reorganização, estamos trabalhando para ampliar o número de leitos para internação e reforçamos as ações de fiscalização. Estamos trabalhando na sensibilização de donos de estabelecimentos comerciais e funcionários para que nos ajudem na orientação em relação à necessidade de manter o uso de máscaras, garantir o distanciamento e nas orientações sobre as medidas de higiene
O Dia - O setor de turismo e toda a cadeia econômica em volta dele estão sofrendo com os efeitos da pandemia. Que ações pretende tomar para minimizar o impacto na queda de renda do setor?
Hammes - Aos poucos, a economia está voltando a girar. Dados do Ministério do Trabalho mostram que a cidade já recuperou, levando em conta todos os segmentos econômicos, mais da metade dos postos de trabalho fechados durante a pandemia. É claro que isso está longe de significar a solução para os problemas. Pelo contrário. Sabemos que os efeitos desta pandemia ainda serão sentidos ao longo de muitos anos. O que precisamos é ter responsabilidade. Não há solução mágica.
No Turismo, queremos consolidar um calendário forte único de eventos e estimular o turismo de negócios e o ecoturismo, que podem garantir mais recursos para a cidade com a ocupação de leitos de hotéis e movimentação do trade turístico também durante a semana. Tudo precisa ser bem planejado e adaptado ao momento que vivemos.
O Dia - Os produtores rurais da cidade vez ou outra reclamam de problemas ligados á escoação de produção, falta de incentivos por parte do governo municipal, entre outras demandas. A reclamação deles procede? Se sim, o que o senhor como prefeito interino pode fazer para atender estas demandas?
Hammes - Já na primeira semana de governo nos reunimos com produtores do Brejal e estabelecemos, com eles, um cronograma de ações para reparos nas estradas da região. Os trabalhos já foram iniciados. Vamos montar uma agenda também com os produtores das demais regiões, de forma que seja possível identificar os principais gargalos em cada área e atuar no que estiver ao nosso alcance.
Sabemos das dificuldades de trabalhar simultaneamente em todas as áreas, mas vamos trabalhar para buscar soluções de curto, médio e longo prazo para todas estas áreas.
O Dia - O governador interino do Estado, Cláudio Castro, recentemente esteve visitando a região, por ocasião dos 10 anos da tragédia da serra. O senhor o encontrou e inclusive ele esteve em Petrópolis. Qual foi o saldo dessa visita? Ele prometeu apoio a curto prazo para ajudar a cidade no que for preciso?
Hammes - Estamos mantendo contato direto com o governador, que não apenas se colocou à disposição para nos ajudar como já de imediato nos garantiu apoio a agricultores e a Casa do Trabalhador, que atendeu mais de 400 pessoas em apenas três dias de funcionamento. Com este novo espaço, mais central e acessível, vamos trabalhar para capacitar aqueles que procuram um emprego para que atendam as demandas daqueles que precisam de mão-de-obra.
Também discutimos a questão da vacinação contra a covid-19 e o governador garantiu parceria, se comprometendo a fornecer seringas e agilizar a distribuição das vacinas.
O Dia - O senhor pretende concorrer nas eleições extraordinárias para o cargo definitivo de prefeito? Se não, poderia traçar um prognóstico de quem poderia ser o candidato com maior possibilidade de vencer o pleito?
Hammes - Minha trajetória política é diferente da trajetória da maioria. Sempre atuei na área esportiva e fui candidato a vereador pela primeira vez em 2016, mas fiquei na suplência do partido. Em 2019, acabei assumindo uma cadeira na Câmara em função do afastamento de parlamentares por determinação da Justiça.
Sempre defendi o diálogo e esse perfil conciliador acabou ajudando no Legislativo. Em pouco tempo passei a integrar a Mesa Diretora e em dezembro de 2019, 11 meses depois de entrar na Casa, fui eleito presidente da Câmara. Fui o primeiro suplente a exercer a função de presidente da Câmara Municipal. Consolidei meu trabalho como parlamentar e, em 2020, na minha segunda participação nas eleições municipais, fui efetivamente eleito vereador pela primeira vez.
Logo depois de tomar posse, fui eleito novamente presidente da Câmara e, por determinação da Justiça, assumi a função de prefeito interino. Sempre tive meus pés no chão. Não é o momento de falar em pretensões políticas. Estar à frente da administração da cidade é um dos maiores desafios da minha vida e, agora, minhas atenções estão voltadas para este trabalho. É um dia de cada vez.
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