O artista plástico Mauricio de Memória em seu ateliêDivulgação/Jeanne Duarte

Petrópolis - A Piccola Arena, misto de atelier, galerias de arte, teatro de arena e bistrô recebe, neste sábado (29), a partir das 17h, a grande retrospectiva do artista Mauricio de Memória, que completa 80 anos e 50 de pinturas. No evento será lançado o catálogo “Memória de Mauricio”, síntese de sua obra que foi mapeada durante todo ano de 2020, perfazendo mais de 430 pinturas.

No vernissage, um cortejo acompanhado pelo violino de Diego Teixeira fará as honras da casa, levando o público até as galerias e contando a rica história de vida do artista, que foi exilado durante 20 anos e professor de história, morando em Milão onde estudou e desenvolveu sua arte. A seguir, show com o duo Mano a Mano, com João Felippe no cavaquinho e guitarra bahiana e seu irmão João Victor no baixo, viola e cavaquinho. De forma descontraída e eclética vão de Gilberto Gil a Carlos Santana.

O catálogo com a seleção das obras do artista tem 96 páginas e capa dura, impresso em couchê fosco, com organização editorial e curadoria de Jeanne Duarte, e fotos dos irmãos Mario e Fernando de Aratanha.
“Pintor em exercício ao menos oito horas por dia, vive visceralmente dentro do atelier, resultando em mais de 400 peças catalogadas até essa data. Sua técnica privilegia o uso da cor, que domina a linguagem do conjunto. As obras vão sendo construídas por paletas e ‘atos’, cometidos em uma experiência sinestésica”, relata Jeanne.

A exposição Memória de Maurício – 80 anos ocupará os dois andares da galeria, o atelier, a Galleria Alba Zaluar e também o bistrô. Apresentará nas paredes cerca de 30 quadros de pintura acrílica sob tela, mas deixa à mostra para os visitantes todo o acervo do artista. A mostra fica em cartaz até o dia 24 de abril. Durante este período será lançado o edital de ocupação do espaço para artistas que queiram expor no local em 2022.

Comemorando 50 anos de carreira, Maurício é um visionário que criou a Piccola Arena. Situada no Rocio, em Petrópolis/RJ, é um complexo cultural com duas galerias de arte, um teatro de arena, o Divina Sálvia Bistrô e um ateliê com galeria a céu aberto. O conjunto cria um diálogo com o bairro verde em suas quatro dimensões: cultural, social, ambiental e econômica. Como disse um cliente, “arte pura, da parede ao prato”.

A Piccola Arena promove e recebe linguagens artísticas – shows acústicos, peças de teatro, espetáculos, exposições e eventos. O teatro tem capacidade para 140 pessoas e cobertura retrátil. Na sua construção utilizou-se de pedras e materiais do próprio terreno. As duas galerias de arte somam 140m2 e respeitam a natureza que as envolve. Painéis solares que encobrem o imenso telhado garantem autossuficiência na energia, e hoje já geram excedente para a região.

O Divina Sálvia Bistrô (48 lugares) contrata somente mão de obra da região, serve pratos com base na produção orgânica, e conta com horta e galinheiro. “Somos um espaço de resistência, e a intenção é cada vez mais caminhar na direção da sustentabilidade”, diz Maurício de Memória.

Sobre o artista
Historiador por formação, o sobrenome artístico adotado por Mauricio – de Memória – é bastante apropriado. É a memória e os fatos atuais (que um dia também se tornarão lembranças) a inspiração para seus 50 anos de pinturas, esculturas e cerâmicas. Mauricio tem mais de 10 exposições realizadas, incluindo grande individual no Sesc Pompeia SP.
Frequentou a Escola Nacional de Belas Artes em 1961. Exilado nos anos 60 por conta das atividades profissionais e políticas, morou em Varsóvia e Milão, onde pode aprofundar o olhar nos museus e estudar pintura. Fixou-se no Rocio, bairro de Petrópolis, há mais de 30 anos e lá mantém seu atelier e a Piccola Arena, que foi indicada em 2020 ao Prêmio Guerra Peixe.

“Um artista é o acúmulo vivido. Mauricio de Memória incorporou suas experiências pessoais aos quadros. Suas paisagens resultam em séries afetivas, mesclando gentes, amores e lugares, entre eles, as águas de sua infância: o Rio Paraíba, o Atlântico e a praia de Atafona. O ser político também se manifesta como matéria-prima importante na sua pintura. Ele revisita, em séries contundentes, fatos e memórias do país que são como um gatilho para a sua expressão”, resume Jeanne Duarte.