Rio - A tempestade que atingiu o Rio na noite de quarta-feira deixou milhares de moradores sem luz por mais de 24 horas em sete bairros da Zona Norte e em vários municípios da Baixada Fluminense. Para muito gente, ficar no escuro foi o menor dos problemas.
Comerciantes do Méier perderam estoques, manicures do Cachambi tiveram que fazer as unhas de clientes nas calçadas, donas de casa de Anchieta sofreram com aparelhos queimados. Em Tomás Coelho, manifestantes protestaram na noite de ontem após 29 horas no escuro.
Davi da Costa, 74 anos, diabético, morador do Méier, passou o dia tenso com medo de a falta de eletricidade estragar suas doses de insulina que ficam guardadas na geladeira. “Foi um inferno. Só na nossa rua caíram duas árvores e estão lá até agora”, contou no final da tarde de ontem, Patrícia, filha de Davi. “Meu pai passou o dia nervoso”.
O comerciante Luiz Cláudio Rei, dono de padaria no Cachambi, está sem luz há mais de 24 horas. Segundo ele, uma equipe da Light chegou à rua, no final da tarde de ontem, mas foi embora. “Os técnicos disseram que foram chamados para o Morro do Alemão, porque o povo estava queimando ônibus em protesto contra a falta de luz”, lamentou Luiz.
De acordo com a Light, os raios e ventos fortes derrubaram mais de 200 árvores em toda a cidade, muita delas caídas sobre a fiação, provocando falta de luz. Os bairros mais sacrificados foram Méier, Taquara,Cachambi,Tomás Coelho, Costa Barros, Barros Filho e Anchieta.
A Light reconhece os problemas e diz que está resolvendo a falta de luz caso a caso. “A companhia ressalta que cada caso tem sua peculiaridade”, explica a empresa, em nota.
A intensidade do temporal foi tão grande que derrubou uma marquise, matando uma pessoa e ferindo outra em Madureira. Por três dias seguidos, a cidade ficou em estado de atenção. Uma força-tarefa da Comlurb passou o dia atendendo a mais de 200 chamados. O Instituto Nacional de Meteorologia informa que o tempo deve continuar quente, porém menos instável hoje e no final de semana.