Por gabriela.mattos

Rio - Os mistérios que envolvem a relação entre o zika e a microcefalia, investigados por cientistas de todo o mundo, têm propiciado uma onda de boatos sobre o tema, alarmando a população. Para evitar isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) resolveu publicar nesta segunda-feira uma nota informativa que esclarece rumores sobre o vírus e a anomalia que afeta recém-nascidos. A entidade nega a existência de evidências científicas que possam relacionar a malformação por conta do uso de vacinas, larvicidas ou mosquitos geneticamente modificados.

De acordo com a nota da OMS, não há qualquer prova de que alguma vacina aplicada durante a gravidez tenha resultado na “má-formação nos recém-nascidos, identificados primeiramente na Polinésia Francesa, na epidemia de 2013-2014, e mais recentemente no Nordeste brasileiro.” A OMS também explicou que não há indício de que o larvicida Pyriproxyfen causa efeitos de desenvolvimento que podem resultar em microcefalia. O produto é um dos 12 inseticidas que a OMS recomenda para eliminar as larvas do Aedes aegypti, transmissor da zika, dengue e febre chicungunya.

Drone dos bombeiros já localizou 27 possíveis focos em Belford RoxoDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Sobre os mosquitos geneticamente modificados, a OMS explicou que incentiva países afetados a ampliar os testes com espécies alteradas em laboratório para tentar controlar e reduzir as populações de mosquitos. Do mesmo modo, a técnica de usar mosquitos esterilizados com baixas doses de radiação não pode ser associada com o aumento de casos de microcefalia. Para a entidade, o uso de bactérias para controlar a população masculina dos mosquitos também não afeta seres humanos ou outros animais.

Na mesma nota, a OMS reconheceu a validade de métodos biológicos usados em países afetados por zika e dengue para controlar os mosquitos, como El Salvador, que tem introduzido peixes que se alimentam de larvas em recipientes de armazenamento de água. O Rio tem experiência semelhante com peixes.

ATENDIMENTOS E DRONE
A partir desta terça-feira, o Instituto Estadual do Cérebro (IEC), no Centro do Rio, passa a concentrar o atendimento às grávidas com bebês que têm microcefalia e crianças que nasceram com a má-formação. Até o dia 19, imóveis de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, serão monitorados pelo drone do Corpo de Bombeiros para buscar focos do Aedes aegypti. Já foi encontrado, em 60 ruas, um total de 27 pontos críticos, entre caixas d’água, pneus, piscinas abandonadas e locais de grande concentração de lixo. A próxima cidade a receber a ação é Duque de Caxias, a partir do dia 26. Itaguaí, São Gonçalo e Itaboraí também vão receber o serviço.

Referência em microcefalia

A previsão é de que 50 bebês com microcefalia e gestantes expostas ao vírus zika sejam atendidos por mês no Instituto Estadual do Cérebro, totalizando cerca de 500 atendimentos, entre consultas e exames. Entre os exames está o eletroencefalograma para diagnóstico de epilepsia, mal que afeta 40% dos bebês com a má-formação.

“Vamos conhecer todas as crianças com microcefalia, a expectativa de futuro, o que vamos precisar de estrutura social, e de estrutura de reabilitação no município em que vivem. Isso vai servir para termos um grupo-controle para todo o Brasil e para o mundo”, disse o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior.

Pediatras, neuropediatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicoterapeutas do vão atender os bebês. Já as grávidas com diagnóstico confirmado para zika e ultrassonografia que indique microcefalia no feto farão exames de ressonância magnética no IEC a partir do segundo trimestre.

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