Por gabriela.mattos

Rio - O estado do Rio tem pelo menos 126 mil pessoas dirigindo com carteiras falsas, entre elas motoristas profissionais, como os de empresas de ônibus. A estimativa é da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), que desarticulou nesta terça-feira uma quadrilha que atuava em autoescolas entre 2013 e 2015. Um major e um sargento da PM estariam envolvidos no esquema. Os documentos falsos devem ser cassados.

Segundo as investigações, os condutores pagaram R$ 3 mil para obter o documento sem precisar assistir às aulas. Todos serão chamados a depor, inclusive os responsáveis pelas empresas. Se comprovado o dolo podem responder por conduta indevida.De acordo com as investigações da DRCI, a quadrilha faturou R$ 380 milhões com o esquema. O Detran garantiu que vai descredenciar as autoescolas envolvidas.

Polícia diz que muitas das carteiras falsas foram compradas por motoristas profissionais. Todos serão investigados. Agentes apreenderam documentos em autoescolasAlexandro Auler / Agência O DIA

A operação, batizada de Backdoor, aconteceu em várias regiões do estado. Foram presas 14 pessoas, e 22 estão foragidas, entre elas Wesley de Souza Cortinoves, o Leitão. Ele é apontado pela polícia como o mentor do esquema. A operação cumpriu ainda 112 mandados de busca e apreensão e 280 de condução coercitiva.

A fraude era feita por um software inserido no sistema do Detran que permitia que os fraudadores dessem presença aos alunos sem que eles fossem às aulas. O esquema funcionava tanto para quem iria tirar a primeira habilitação quanto para os motoristas que queriam a segunda via do documento. Nesse último caso, muitos haviam perdido a carteira por excesso de pontos devido a multas ou haviam perdido o documento após serem flagrados em blitzes da Lei Seca.

Segundo as investigações, o programa foi desenvolvido por Carlos de Oliveira Grummt, o Cidadão, preso nesta terça-feira. Ele já prestou serviço para empresa terceirizada do Detran, por isso conseguia acesso aos programas do órgão.

A fraude começou a ser detectada em 2013 pelo Detran. Mas, agentes da DRCI disseram que um dono de uma autoescola também denunciou o esquema na época. Os funcionários do órgão passaram a perceber que alguns instrutores chegavam a dar 100 horas de aula por semana, enquanto o normal são 40. Outro dado que chamou a atenção foi o uso do mesmo carro nos mesmos horários. Foram apreendidos computadores, celulares e documentos nas casas dos fraudadores, postos do Detran e autoescolas. Os envolvidos na fraude vão responder por inserção de dados falso e associação criminosa.

Detran criou novo sistema para evitar fraudes nos documentos

As falsificações de carteiras fizeram o Detran mudar o sistema de presença nas aulas. O novo modelo passou a vigorar em janeiro desse ano. Segundo o corregedor do órgão, Marcus Drucker, havia um outro tipo de fraude em que os fraudadores usavam dedos de silicone com a impressão digital na hora de marcar a presença em aula. “O novo sistema detecta a diferença entre um toque humano e um objeto, o que não permite mais a fraude”, explicou. O Detran informou que alunos das autoescolas descredenciadas podem se matricular em outra.

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