Por thiago.antunes

Rio - A professora Gabriela Domingues Mendes, de 30 anos, teve que mudar radicalmente sua vida para cuidar melhor do filho, Guilherme, de dois anos, identificado com autismo em grau leve. Ciente de que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado garantem mais chances de a criança se desenvolver, a família se mudou esta semana de Itaboraí, na Região Metropolitana, para Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Tudo para que Guilherme comece a ser tratado um Centro Especializado de Reabilitação (CER) do SUS, mantido pelo município.

Para Gabriela%2C diagnóstico precoce e atendimento adequado dará mais chances de Guilherme se desenvolverarquivo pessoal

O drama de Gabriela pode representar o de milhares de mães que buscam tratamento para os filhos autistas no Brasil, onde são poucos os espaços para tratamento gratuito específico de crianças, adolescentes e adultos com a síndrome. O Ministério da Saúde estima que 1% da população apresente algum grau de autismo. Há dois anos, o órgão determinou que casos de menor intensidade devem ser tratados nos CERs, enquanto pacientes com intensidade maior do transtorno necessitam de encaminhamento para centros específicos.

Em Itaboraí, onde Gabriela morava, a Clínica-Escola do Autista completa dois anos de funcionamento hoje, Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A entidade se apresenta como a primeira no país especializada neste tratamento, após a criação da nova diretriz federal, mas não possui vagas para atender a todos. Hoje são 115, alguns vindos de fora. Como Fabiano dos Santos, 3 anos, que veio de Juiz de Fora (MG).

“Quando soube da Clínica-Escola, comprei uma passagem pro dia seguinte. Cheguei antes de abrir e fiquei esperando na porta. Enquanto isso, vi que tinha uma casa para alugar bem ao lado. O negócio foi fechado antes de eu conseguir a vaga para meu filho”, conta o pai, Fabiano, que deixou o emprego e desembarcou em Itaboraí, sem mesmo ter onde trabalhar.

Gabriela também teve que renunciar ao antigo emprego e busca agora recolocação, perto da nova morada. “Movi minha vida para que ele se desenvolvesse com mais chances de ser independente. Pelo o que o neurologista falou, poucas são as mães que começam a suspeitar antes dos seis anos. Então, tenho que fazer esse esforço, para que os sintomas não avancem ou até regridam”, contou a professora.

Tudo azul no Rio neste fim de semana

Vários prédios e monumentos no país adotaram iluminação especial na cor azul, em apoio à causa do autismo. No Rio, aderiram Cristo Redentor, Assembleia Legislativa, Câmara dos Vereadores, OAB, Tribunal de Justiça, Palácio da Cidade e Palácio das Laranjeiras.

Hoje, às 9h, haverá cerimônia no Cristo com benção do Padre Omar, reitor do Santuário. Já amanhã a Arquidiocese do Rio abre a Igreja de São José, na Lagoa, das 9h às 12h, para a manhã de recreação e inclusão de autistas. A Fundação Mundo Azul promove caminhada na Praia do Leblon, a partir das 10h.

Várias cidades, como Queimados, Niterói e Volta Redonda, também realizam ações para lembrar a data. O Itaboraí Plaza Shopping promove hoje, às 10h, uma sessão especial de cinema para autistas, com o filme ‘Zootopia’.

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