Por paulo.gomes

Rio - A presidente Dilma veio ao Rio nesta sexta-feira para uma maratona de inaugurações que poderiam render boas notícias para o governo, mas ela insistiu em marcar seus discursos com a agenda do impeachment. A crise aparecia em cada entrelinha, seja nos pronunciamentos na beira da piscina do novo parque olímpico, na Barra da Tijuca, ou nas cerimônias de entrega de instalações do Minha Casa Minha Vida, em Santa Cruz. 

“Quem pretende interromper meu mandato é justamente quem considera um erro do governo federal colocar recursos para o Minha Casa Minha Vida”, disse a presidente a uma plateia de cerca de 1.500 futuros moradores dos condomínios Santorini e Mikonos, na Zona Oeste. “Nada, nenhuma dificuldade pela qual o país passa vai fazer com que paremos esse programa”, completou, informando que o governo ainda pretender entregar um milhão e meio de moradias em todo o país.

Ao ouvir gritos de “Não vai ter golpe”, Dilma repetiu a frase e fez alusão ao processo de impeachment. “Há um clima de ‘quanto pior, melhor’. As pessoas acham que podem chegar ao poder assim. É verdade que o impeachment está na Constituição. Só que não cometi nenhum crime de responsabilidade”, repetiu a presidente.

Dilma inaugura parque aquático olímpico ao lado do prefeito Eduardo Paes. “O país precisa voltar a crescer”%2C reconheceu a presidente.Agência Brasil

O efeito do discurso presidencial foi imediato. Em cada roda de conversa de políticos ou moradores da região, o tema preferido era o impeachment. “A corrupção é um problema que vem de muitos anos. Ela não pode ser a única culpada”, opinou Paloma Dutra, de 34 anos, auxiliar de cozinha, desempregada. Ela irá dividir com cinco parentes adultos e três crianças um apartamento de dois quartos, sala, cozinha, área de serviço e banheiro. “Espero que nos próximos três anos a senhora esteja aí, firme, entregando mais casas, presidente Dilma”, insistiu o governador em exercício, Francisco Dornelles, no início da tarde.

Mais cedo, Dornelles e Dilma também estiveram lado a lado na inauguração do Centro Olímpico de Esportes Aquáticos. De novo, a crise política contaminou o discurso presidencial. “Se nós somos capazes de fazer uma Olimpíada, se nós somos capazes de fazer uma Paraolimpíada, nós somos capazes de fazer também o nosso país voltar a crescer”, afirmou Dilma, ao lado do prefeito Eduardo Paes.

nstalado quase ao final do Parque Olímpico, o centro aquático fica a pelo menos 400 metros da Avenida Salvador Allende, principal via de acesso. O acesso ao parque, que ainda está em obras, é restrito. Assim, o público em geral não teve acesso à cerimônia. A plateia foi formada pelos ministros Ricardo Leyser (Esporte), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde), além do governador em exercício do Estado do Rio, Francisco Dornelles, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, membros do Comitê Rio-2016, integrantes das Forças Armadas e outros convidados.

No ato desta sexta, o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB) assinou termo de cessão de 146 ambulâncias - equipadas como UTIs móveis - para reforçar o atendimento nos Jogos Olímpicos.

Ainda de manhã, o governo confirmou que a presidente não irá participar da cerimônia de acendimento da chama olímpica, dia 21, na Grécia. O motivo da ausência ? O mesmo dos discursos de sexta e de quinta-feira: a crise política.

Refletores apresentam problema durante cerimônia

Prevista para começar às 11 horas, a cerimônia de inauguração do centro de esportes aquáticos iniciou com 30 minutos de atraso. Às 10h52, os refletores se apagaram. A iluminação retornou cerca de 15 minutos depois, mas, por volta das 11h15, um quarto dos refletores apresentou problema novamente e a iluminação deles não retornou mais.

O Centro Olímpico de Esportes Aquáticos vem sendo motivo de críticas da Federação Internacional de Natação (Fina) devido a sua capacidade de público. Oficialmente, o local abriga 18 mil espectadores, mas estima-se que três mil lugares não poderão ser ocupados em função da área de imprensa, atletas e outras contingências. Além disso, quatro grandes pilastras de sustentação do teto deixam grandes pontos cegos - o cálculo é o de que 7,8% das arquibancadas não poderão ser utilizadas em função disso. Assim, a capacidade total de público na Olimpíada não deverá chegar a 13 mil pessoas.

O centro - que abrigará as provas de natação e parte da competição de polo aquático nos Jogos Olímpicos - será sede do Troféu Maria Lenk a partir da próxima sexta-feira. Na outra semana, o local abrigará uma competição internacional de natação paralímpica e um torneio de polo aquático. Após os Jogos Olímpicos, o estádio aquático terá sua estrutura física dividida e será transformado em dois ginásios para natação.

Reportagem de Ana Beatriz Magno

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