Rio - Pelo menos 150 bombeiros de vários quartéis realizaram um protesto, na manhã deste sábado, da porta do Quartel da Ilha do Governador até a Ilha do Fundão, em defesa ao cabo Altair Cruz. Na última quinta-feira, Altair Cruz, decidiu ir caminhando de sua casa, na Ilha, para um curso da corporação, em Niterói.
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Segundo o militar, ele tomou essa decisão após não ter dinheiro para pagar a passagem. Na ocasião, ele acabou sendo resgatado, no meio do caminho, após andar 21 quilômetros, por uma viatura dos bombeiros.
No protesto deste sábado os agentes exigem que o Governo do Estado regularize o pagamento dos salários que estão atrasados. Participa da manifestação o irmão do cabo Altair, Igor Cruz, que representa a família. "O meu irmão ficou muito feliz com a demonstração de solidariedade (dos colegas). A intensão dele não foi afrontar o comando. Ele só quis cumprir a sua obrigação (de fazer o curso em Niterói)" disse. Ainda de acordo com Igor, seu irmão jamais imaginou que a sua decisão tomaria tamanha proporção.
Um dos representantes do protesto, o vereador Marcio Garcia, afirmou que os bombeiros faz a manifestação para apoiar a decisão do agente e chamar a atenção da população e alertar dos problemas que a corporação vem enfrentando.
A Associação dos Bombeiros do Rio apoia o ato e representantes estão presentes na caminhada. Os bombeiros recebem apenas R$ 100 de auxílio-transporte por mês. Segundo a corporação o valor não é reajustado desde 2011.
Vereador pede habeas corpus para impedir prisão de bombeiro
Temendo represálias por parte do comando do Corpo de Bombeiros, o vereador Marcio Garcia (Rede) impetrou junto ao Tribunal de Justiça do Rio um pedido de Habeas Corpus preventivo em favor do cabo dos bombeiros, Altamir Cruz, de 31 anos. O HC preventivo é para impedir a prisão do agente.
No último dia 7, o cabo que mora na Ilha do Governador, e sem condições de pagar a passagem, por conta da crise do Governo do Estado que está devendo o funcionalismo público, decidiu ir a pé até o quartel de Charitas, em Niterói, um caminho de 32 km, para participar de um curso.
Como o DIA mostrou, na quarta-feira, o bombeiro que atua como técnico em enfermagem já havia dito ao seu comando que não tinha dinheiro para a passagem de ônibus. Escutou que se não fosse ao treinamento seria punido. Sua esposa e filha de 4 anos dependem da sua renda como militar. Para evitar a prisão acatou a ordem, seguindo a pé. Ele chegou a caminhar por 21 km, mas na entrada da Ponte Rio-Niterói, foi levado por uma viatura dos bombeiros até o quartel.
Segundo o documento conseguido com exclusividade pelo DIA, o vereador afirma que o cabo "até a presente data não recebeu o seu auxílio-transporte no valor de R$ 100,00 (cem reais), nem tampouco os seus vencimentos referentes ao mês de março". Ainda de acordo com o pedido de Habeas Corpus, o bombeiro só tomou essa decisão "desesperada" por falta de auxílio da passagem.
Informações obtidas pelo DIA apontam que o 1º Grupamento de Socorro e Emergência do Corpo de Bombeiros teria pedido a abertura de um procedimento disciplinar para apurar a conduta do cabo Altamir Cruz.
Na quinta-feira, dia em que o cabo decidiu ir da Ilha à Niterói, a assessoria de imprensa dos bombeiros disse que a corporação não entendeu como protesto a atitude do cabo Cruz e que ele não seria punido.
Em nota o Corpo de Bombeiros afirmou que ainda não foi comunicado oficialmente sobre o habeas corpus preventivo em favor do cabo Altamir Cruz. Ainda de acordo com o comunicado, a corporação não abriu procedimento disciplinar para apurar a conduta do agente. Por fim, o órgão reafirma que ele não foi punido pelo seu ato. No entanto, o Corpo de Bombeiros não informou se o militar sofrerá algum tipo de sansão futuramente.
Confira o pedido de habeas corpus preventivo aqui