Por gabriela.mattos

Rio - A crise no Estado do Rio tem levado unidades de saúde a recusar muitos pacientes. Nesta segunda-feira, quem foi à Unidade de Pronto-Atendimento de Realengo, na Zona Oeste, em busca de pediatra teve que recorrer a clínicas particulares. Muitos pacientes foram orientados a procurar outras unidades de saúde. Os pais de Maria Fernanda, de 1 ano, não conseguiram médico para atender à filha, que estava com febre. “Recebemos adesivo verde, na triagem, que indica menor gravidade. Agora, terei que rodar atrás de uma consulta particular”, lamentou o pai Washington Gonçalves.

A cabeleireira Selma de Souza, 34 anos, também teve que voltar para casa com o filho, Leonardo de Souza. “Ele está com dor na coluna e febre, desde ontem. Disseram que não era grave”, lamentou. Outros pacientes foram a mais de quatro UPAs em vão. “Parece que só vou ser atendida quando estiver à beira da morte”, disse, revoltada, Sandra Nóbrega, de 35 anos, com queixas de queimação na perna.

Washinghton Gonçalves dos Santos não conseguiu atendimento na UPA de Realengo para a filha Maria Fernanda que estava com febreMaíra Coelho / Agência O Dia

Desde que governo do estado começou a atrasar salários, funcionários das UPAs e hospitais estaduais promovem paralisações, limitando os atendimentos às emergências. A UPA da Tijuca está com o funcionamento sobrecarregado, mas não entraram em greve. “O Estado cortou R$ 1 bilhão em repasse para as Organizações Sociais, responsáveis pelas unidades. “Elas estão se adaptando ao corte reduzindo a equipe médica, por isso a demora no atendimento”, explicou Darze. Os hospitais Getúlio Vargas, Carlos Chagas, Azevedo Lima também operam com restrições, dependendo da classificação de risco.

A coordenação das UPAs 24h da rede estadual informou que todas as unidades seguem em funcionamento, mas reconheceu que a prioridade de atendimento são para os casos mais graves. A Secretaria Estadual de Saúde acrescentou que os repasses para pagamentos das Organizações Sociais que fazem a gestão das unidades já foram realizados.

Depois de quase uma semana de greve, servidores do Detran voltam hoje ao trabalho. Atividades como emissão de documento da vistoria e exames de habilitação serão normalizadas. Policiais civis também decidiram encerrar a paralisação de 48 horas iniciada na última sexta-feira. As duas categorias permanecem em estado de greve.

Pacientes sem medicamento

O Instituto Estadual de Hematologia (Hemorio) retomou ontem a coleta de sangue suspensa no domingo, mas ainda sofre com a falta de medicamentos. Portador de anemia falciforme, Hamilton dos Santos de Sá, de 47 anos, está sem tomar o remédio Hidroxiureia, desde o dia 17 março.

O medicamento custa R$ 280. Com ajuda de muletas, o morador de Irajá, na Zona Norte, pega ônibus pelo menos duas vezes na semana para chegar até o instituto e fazer fisioterapia. “Há 15 anos, eu não tinha crise e não vinha parar na emergência. Agora, sem o remédio, têm dias que sinto dor aguda”, desespera-se Hamilton.

O Hemorio está funcionando no horário normal das 7h às 18h. Na última semana, o atendimento tinha sido reduzido até às 16h, já que os funcionários terceirizados estão sem salário há dois meses. O instituto é responsável pelo abastecimento de sangue em mais de 200 unidades de saúde conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Até o fechamento desta edição, o Hemorio não informou quando o remédio Hidroxiureia estará disponível.

?Reportagem das estagiárias Carolina Moura e Julianna Prado

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