Rio - Se nada for feito até o final do ano, hospitais e unidades de saúde de todo o estado correm o risco de fechar as portas, aponta relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). O órgão pediu a intervenção do governo federal na área de saúde, combalida por conta da crise financeira do estado.
Gil Simões, diretor e coordenador da comissão de fiscalizações do Cremerj, afirma que a dívida da saúde no estado já chega a R$ 2,5 bilhões. Faltam insumos, remédios e leitos nas principais unidades e os médicos da rede correm o risco de ficar sem salário.
Quatro unidades de Pronto Atendimento (UPAs) já fecharam as portas em Cabo Frio, Barra Mansa, Angra dos Reis e São João de Meriti.
Segundo o relatório, atualmente, há 12 mil pacientes na fila para cirurgias cardiovasculares no estado. “Isso significa um aumento no número de amputados, pois a espera é cruel para esses pacientes. Sem contar os cerca de 600 pacientes que aguardam para fazer radioterapia e perdem o tempo de seus tratamentos”.
O efeito cascata da crise afeta também unidades municipais. O Hemorio enfrenta dificuldades com a falta de material básico como tubos de coleta de sangue. “Tem doador mas não tem material para coletar o sangue”, explica.
O Cremerj solicitou audiência com o Ministério da Saúde, em que pede a instalação de um gabinete de crise, com todos os níveis de governo. O Ministério comunicou que liberou R$ 65 milhões extras este ano para reforçar a saúde no estado. Segundo a secretaria estadual, de janeiro a outubro o setor recebeu R$ 393 milhões, cerca de 40% do orçamento previsto para a pasta. Já o Cremerj afirma que o estado não tem investido o percentual obrigatório em lei (12% do orçamento) e que a os hospitais só é repassado 5%.
Na quinta-feira, uma tubulação de oxigênio explodiu no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Seis pacientes tiveram de ser transferidos. Os reparos já foram concluídos.
?Com reportagem da estagiária Alessandra Monnerat