Rio - Em 2008, uma pequena parcela (apenas 3,5%) dos cariocas tinha acesso à medicina de família. Até o final deste ano, 70% da população — cerca de 4,3 milhões de pessoas — terão, de alguma forma, recebido esse tipo de atendimento na rede pública de saúde. Hoje, a cobertura do programa Estratégia Saúde da Família no Rio é de 66% —em países desenvolvidos, a média é de 80%. A cidade foi a que mais avançou neste modelo de assistência nos últimos anos, levando o Brasil a ganhar uma premiação internacional no Wonca, o maior congresso de Medicina da Família e Comunidade do mundo, que acontece até domingo, no Riocentro.
A premiação foi recebida pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, representando o país. Para ele, é o resultado da ampliação do programa. “O maior benefício foi um aumento de 107 novas Clínicas da Família. Isso é o reconhecimento de oito anos da atual gestão da prefeitura”.
Segundo Soranz, as Clínicas da Família permitiram criar um controle na saúde das crianças, para que sejam vacinadas precocemente. “Isso evita internações e ainda diminui a taxa de mortalidade. Nos últimos anos, menos 230 crianças morreram em uma faixa etária de 0 a 12 anos”, ressalta. A estrutura, afirma, é parecida com a de países mais desenvolvidos. “Para o Brasil é uma grande inovação. Além disso, o nosso sistema de informatização se tornou reconhecido como modelo internacional”, ressalta.
O prêmio Wonca Global Health Award destaca um modelo de gestão implantado em 2009 e gerido com apoio de um sistema de informatização que permite que todas as informações dos pacientes sejam monitoradas. O serviço é desenvolvido por três empresas, com destaque para a HIS, responsável pela digitalização de cerca de 80% dos prontuários nas Clínicas de Família de oito das 10 suprefeituras (as Coordenações de Áreas Programáticas - CAPs).
O trabalho atende às organizações sociais (OSs), entidades sem fins lucrativos contratadas pela prefeitura para gerir as unidades. Como o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), que administra o maior número de Clínicas da Família — 83 das 224 unidades. “O Iabas sairá do Wonca ainda mais capacitado para vencer os desafios da Atenção Primária no Rio”, afirma Glória Bejarano, presidente do Iabas.
Software que gere sistema é modelo para mais países
“É um projeto visionário, implantado com apoio das OSs, que inverte a lógica de que a conta da saúde não fecha. É melhor investir em prevenção e evitar maiores complicações”, afirma Luiz Cruz, diretor da HIS. Além da Iabas, a empresa é parceira da Viva Rio, Gnosis e da SPDM, outras duas organizações sociais contratadas pela prefeitura para gerir as Clínicas da Família. Segundo ele, o sistema de gestão já é referência na América Latina e no resto do mundo.
Por conta dos resultados no Rio, a empresa tem sido procurada por outros estados e municípios brasileiros e até outros países para fornecer o software, desenvolvido em Portugal. A ferramenta usada pela HIS foi apresentada como caso de sucesso na área de saúde durante evento mundial da Microsoft no Panamá, em 2013, levando a empresa a ser contratada para prestar serviços na China.
Colaborou a estagiária Marina Cardoso