Por gabriela.mattos
Rio - Muitos passageiros foram pegos de surpresa ontem com o aumento da tarifa do Bilhete Único Intermunicipal (BUI), que saltou de R$ 6,50 para R$ 8, uma alta de 23,07%. Embora tenha sido aprovada pela Assembleia Legislativa (Alerj) em 8 de dezembro, a medida só foi sancionada pelo governador Luiz Fernando Pezão na sexta-feira.
Outra decisão aprovada pelos deputados — e que, em tese, deveria ter começado ontem — foi o limite salarial de R$ 3 mil para que o passageiro tenha direito aos descontos do BUI. Oficialmente, o objetivo das medidas era garantir a continuidade desse e de outros programas sociais, em meio à crise do estado. Mas, na prática, a RioCard ainda não faz a checagem da renda. Segundo a empresa, as regras dependem de regulamentação do estado.

A Secretaria estadual de Transportes disse que o reajuste da tarifa e o limite de renda para novos usuários, de até R$ 3 mil mensais, valem desde 1º de janeiro. Quanto aos usuários já cadastrados, a secretaria informou que serão feitas alterações no sistema para que, no momento em que solicitarem a compra do crédito, os empregadores informem a renda de seus funcionários. Quem compra o próprio crédito terá de declarar a faixa de renda na hora da recarga. Segundo o órgão, as medidas serão regulamentadas em 15 dias.

Paulo Silva teme que alta do custo com o Bilhete Único leve à demissão de funcionários que moram longeDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Defensoria diz que vai recorrer

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Quem mora em um município e trabalha em outro já reclama dos prejuízos — o reajuste solicitado pelo governo tinha sido de R$ 1, mas a Alerj autorizou a alta da tarifa em R$ 1,50 para garantir a continuidade de programas sociais. É o caso do segurança Paulo Silva, 41, que vive em São Gonçalo e trabalha no Rio. Ele pega dois ônibus por dia e antes gastava R$ 6,50 por integração. “Nesse contexto de crise, dificilmente algum empregador decide arcar com preço mais alto de passagem”, opina Paulo, que teme mais demissões no estado.
Na época da aprovação do reajuste, a Defensoria Pública do Rio disse que recorreria da decisão porque os usuários não foram informados com prazo de 30 dias de antecedência, conforme prevê acordo com o Ministério Público.
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O desconto na integração do BRT e Metrô está mantido em R$ 7. O mesmo acontece com a tarifa social das barcas (R$ 4,10). Também na sexta-feira, Pezão sancionou a lei que reduz para 50% o desconto sobre a tarifa das barcas para moradores de Paquetá e da Ilha Grande, que tinham direito a viagens 100% gratuitas. A gratuidade foi mantida para residentes com renda até R$ 3 mil mensais.