Por gabriela.mattos
Rio - O primeiro dia de trabalho do prefeito Jorge Miranda, de Mesquita, na Baixada Fluminense, deu a impressão de que será preciso refundar a cidade, emancipada de Nova Iguaçu há 18 anos, mas ainda sem atingir a maioridade.
Pelas ruas, lixo espalhado em todas as esquinas há dois meses. Na sede da prefeitura falta tudo, de papel higiênico a computadores, e sobra indignação por parte de servidores públicos e mesquitenses.
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O prefeito anterior, Gelsinho Guerreiro (PRB), nunca mais foi visto após perder a reeleição e deixou sem pagamento funcionários, fornecedores e prestadores de serviço.
No gabinete do prefeito, com teto caindo aos pedaços, literalmente, Miranda recebeu o DIA pedindo mais um voto dos moradores. Desta vez não na urna, mas o voto de paciência.
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“Caos total. Nada funciona. Não há condições de trabalho. Zero. Mas a gente já imaginava isso. E estamos prontos para reconstruir esta cidade. Não tem outro jeito. É botar a mão na massa”, disse Miranda.
Na porta da sede da prefeitura, a servidora Alexandra de Oliveira fez um pedido desesperado ao prefeito.
Servidora pede ao novo prefeito de Mesquita o pagamento dos salários%3A ‘Estamos sem dinheiro para comer’Maíra Coelho / Agência O Dia

“A questão do lixo é importante, mas as pessoas estão em primeiro lugar. Somos seres humanos. Estamos sem dinheiro para comer. Esta deveria ser sua prioridade”, disse Alexandra, que voltou para casa sem uma resposta que lhe agradasse.

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O prefeito admitiu que não poderia fazer diferente, prometendo algo que não poderá cumprir. A primeira medida como prefeito foi organizar um pequeno mutirão para coletar o lixo nas ruas da cidade.
“Não dá para definir uma área de prioridade. O que temos de restabelecer é o governo. A gestão anterior não deixou legado em absolutamente nada. Está tudo desmontado. Temos que olhar o que tem para receber e para pagar e mostrar um plano para a população, que precisa ter compreensão neste momento”, pediu Miranda.
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Imagem e semelhança
Em Nilópolis, também na Baixada, o prefeito Farid Abrão também encontrou a sede da prefeitura sem luz, com enormes poças d’água e um quadro caótico.
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Assim como em Mesquita, foi feito um grande mutirão para coletar lixo nas ruas da cidade e remover as muitas árvores que caíram após o vendaval que atingiu o município no último dia do ano.
Outras equipes removeram entulhos e desobstruindo bueiros e galerias para evitar novas enchentes, que nos últimos meses causaram transtornos à cidade.
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Em São Gonçalo, Nanci corre para pagar a conta de luz
O caos visto na Baixada Fluminense se repetiu também em São Gonçalo, na Região Metropolitana. O prefeito José Luiz Nanci tomou posse com a sede da prefeitura às escuras e uma dívida de R$ 600 milhões deixada pela gestão anterior.
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“Assumo a prefeitura em situação caótica. Temos problemas na coleta de lixo, infraestrutura, falta de segurança, manutenção nas ruas, como iluminação, sinalização e falta de urbanização. A cidade necessita de muitas ações para o bem-estar dos gonçalenses. E ainda tem a questão do orçamento, que está mais da metade comprometido com dívidas, que giram em torno de R$ 600 milhões”, disse Nanci.
O prefeito prometeu quitar o salário de dezembro e o 13º salário dos servidores.“Preciso pagar a conta de luz para poder trabalhar. É importante que todos estejam cientes dessa situação”, completou Nanci.
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O antecessor de Nanci, Neilton Mulim, chegou a ter a prisão decretada na semana passada por não cumprir ordem judicial de pagar servidores, mas o pedido foi revogado na sexta-feira.
Já na Baixada, o novo prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, iniciou seu primeiro dia de trabalho com uma força-tarefa para limpar o município. Ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal, em dezembro, a 7 anos de prisão, por crime ambiental, Mas não está impedido porque ainda recorre da decisão.
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Niterói reabre restaurante popular
O prefeito reeleito de Niterói, Rodrigo Neves, reabriu o Restaurante Cidadão Jorge Amado, no Centro, que estava fechado há quase um mês e foi municipalizado. A prefeitura vai investir cerca de R$ 3 milhões durante um ano no espaço.
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A reabertura do bandejão trouxe alívio para muitos niteroienses, que estavam em dificuldade para conseguir uma alimentação digna. “Almoçava aqui todos os dias. Sem lugar para comer, passei a pedir na rua”, disse Paulo César Freitas, de 54 anos.
O cardápio para o dia da reabertura teve como prato principal frango à primavera, com opção para carne ensopada, além do arroz, feijão, farofa e alface com beterraba. Ainda havia paçoca como sobremesa e suco de groselha. Tudo por R$ 2. “Pessoas estavam passando fome em Niterói, agora não vão passar mais porque o restaurante popular está aberto”, disse o prefeito Rodrigo Neves.