Por clarissa.sardenberg
Rio - Está saindo do forno um livro que promete aquecer ainda mais os corações dos apaixonados pelo Biscoito Globo, que em pouco mais de 60 anos se transformou num dos patrimônios mais queridos dos cariocas. ‘Ó, o Globo! A história de um biscoito’, uma biografia do mimo de polvilho que virou a paixão de dez entre dez consumidores, está previsto para chegar as livrarias a partir do dia 4. A autora, Ana Beatriz Manier, passou cinco anos pesquisando tudo sobre o amado quitute, que já alcançou fama mundial, curiosamente sem propaganda na mídia.
Um dos destaques da publicação, que terá 192 páginas e será lançado pela Editora Valentina, Paloma Ponce, de 28 anos, caçula de quatro filhos de Milton Ponce, o sócio mais antigo do empreendimento, hoje com 77 anos, resume a paixão pela saga do biscoito que agrada todas a classes sociais.
Livro que conta história do Biscoito Globo promete deixar carocas ainda mais apaixonados pelo mimo de polvilhoMárcio Mercante / Agência O Dia

“É minha vida. Me orgulho da trajetória vitoriosa da marca que, com garra, mantém a mesma qualidade há mais de seis décadas, graças à sociedade familiar”, emociona-se Paloma, exibindo orgulhosa, ao lado da filha, Clara, de 8 meses, a tatuagem que fez no braço direito, do bonequinho símbolo da marca. “É uma prova de amor por esse verdadeiro conto de fadas, construído com sacrifício e trabalho”, justifica Paloma.

Apenas seu irmão, Marcelo, ajuda na produção. O pai nunca permitiu que Paloma e as irmãs, Kátia e Patrícia, trabalhassem na fábrica.

Livro terá capas nas versões verde e vermelha%2C representando os sabores salgado e doce do biscoito%2C respectivamenteDivulgação

Ana Beatriz conta que acabou descobrindo coisas incríveis, curiosidades, e fazendo um resgate da saga de luta dos antepassados dos donos da marca, que vieram da Espanha para Franca, no interior de São Paulo, no final do Século 19. “Tive dificuldades de encontrar fotos antigas e obter informações confidenciais, pois os donos sempre foram muito reservados”, comenta a escritora, lembrando que aos 5 anos de idade saboreava a iguaria nas viagens de barca entre Rio e Niterói.

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Além da cobiçada receita crocante, o livro traz várias surpresas. Ao contrário do que a maioria dos fãs imagina, por exemplo, o biscoito Globo nasceu em São Paulo, em 1953. Ano que os irmãos Ponce — Milton, Jaime e João (este último morto há pouco tempo) —, por conta da separação dos pais, saíram de Franca para morar com um primo que tinha uma padaria no bairro Ipiranga, na capital paulistana. Lá, Milton descobre a roda, ou melhor, a famosa rosquinha, que aprendeu a fazer e a vender nas ruas.
De acordo com a biógrafa, dois anos depois, em 1955, Milton e os irmãos foram para o Rio, para vender biscoitos no 36º Congresso Eucarístico Internacional. O sucesso foi tanto que abriram uma fábrica em Botafogo e nunca mais deixaram a capital fluminense. Mais tarde, Francisco Torrão entrou na sociedade. Hoje as fornadas saem da Rua do Senado, no Centro.
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A obra mostrará como o querido biscoito, vendido nas versões salgado (70%) e doce (30%), se misturou à cultura carioca. E lembrará a polêmica crítica feita pelo ‘New York Times’ em 2016, de que o biscoito não tinha gosto, desencadeando uma “defesa de guerra” dos brasileiros, e fazendo aumentar ainda mais sua popularidade, inclusive no exterior.