Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Procurado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) em operação nesta quinta-feira, Eike Batista deixou o país há dois dias, com destino a Nova York. Com ordem de prisão decretada desde o dia 13 de janeiro pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, o empresário é considerado foragido.

De acordo com apuração da rádio CBN, ele viajou na noite de terça-feira na classe executiva do voo 974, da American Airlines, com custo em cerca de R$ 22 mil. O advogado de Eike Batista, Fernando Martins, confirmou que ele está viajando e que vai se entregar, mas não divulgou o destino do empresário e nem quando ele voltará. Ele acompanhou as buscas da PF na casa do empresário, que começaram no início da manhã desta quinta-feira, no Jardim Botânico.

Com mandado de prisão expedido, Eike Batista está em Nova York. Ele é considerado foragidoReuters

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal fizeram na manhã desta quinta-feira uma operação para cumprir nove mandados de prisão e quatro conduções coercitivas na Operação Eficiência — segunda fase da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio. Entre os principais alvos com mandados de prisão expedidos estão o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, o ex-governador Sérgio Cabral, que já está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, além de Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos. A ação tem como base a investigação de crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de aproximadamente US$ 100 milhões no exterior.

Foram cumpridos mandados de condução coercitiva contra Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão do ex-governador, e Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio Cabral. Também foram expedidos mandados de prisão preventiva contra Sérgio de Castro de Oliveira, chamado Serjão, operador do esquema; Thiago Aragão, sócio do escritório de Adriana Ancelmo, o advogado Francisco de Assis Neto, o Kiko, o doleiro Álvaro José Galliez, e Flávio Godinho, que é vice de futebol do Flamengo e ex-braço direito de Eike Batista.

Agentes da PF foram até a mansão de Eike Batista%2C no Jardim Botânico%2C onde cumpriram mandado de busca e apreensãoCarlos Eduardo Cardoso/Parceiro/Agência O Dia

Esquema montado por Cabral desviou R$ 100 milhões

?Essa etapa da operação Calicute foi baseada em dois acordos de colaboração que revelaram como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro e propina cobrada por Sérgio Cabral em todos os contratos do governo do estado, durante a gestão dele. Mais de US$ 100 milhões, R$ 340 milhões, foram enviados para o exterior. De acordo com os procuradores do MPF, somente em 10 meses —  entre agosto de 2014 a junho de 2015— a organização criminosa liderada por Cabral movimentou R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões por mês.

"A remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões. Mas esse alto valor em nada se compararia às surreais quantias amealhadas durante a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele acumulou mais de US$ 100 milhões em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior”, afirmam os procuradores. "Sua organização criminosa foi extremamente bem sucedida em seus objetivos, amealhou imensa fortuna distribuída a seus membros. E parte desses valores se descortina com esta medida cautelar.”
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Com o auxílio de colaboradores, o MPF já conseguiu repatriar cerca de R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça Federal em conta aberta na Caixa Econômica Federal. A Força-Tarefa vai solicitar cooperação internacional para o bloqueio e posterior repatriação dos valores ainda não recuperados em outros países.
Com informações do Estação Conteúdo
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