Rio - Helicópteros viraram a maior arma do Batalhão de Choque (BPChq) para transportar a tropa sem entrar em confronto com mulheres de PMs que fecharam a entrada principal da unidade na manhã deste sábado. Com cadeiras de praia, carregando cones, faixas e cartazes, elas começaram o movimento por volta de 5h30 de sexta-feira. Nesta manhã, fecharam a Rua Frei Caneca, o que irritou muitos motoristas. Como O DIA mostrou na edição de hoje, a mesma tática foi empregada no 16º BPM (Olaria). Um vídeo enviado para o WhatsApp do DIA (98762-8248) mostra a movimentação de aeronaves dentro do Choque.
Com apitos, elas gritavam palavras de ordem como 'meu marido não pode passar fome' e 'estamos convocando mulheres e familiares'. No 4º BPM (São Cristóvão), manifestantes também continuam na porta, além de outras unidades. Já no 3º BPM (Méier), as viaturas estavam estacionadas no Norte Shopping, para facilitar a rendição dos PMs.
Dados oficiais da corporação informam que os protestos atingem 29 unidades, mas ainda não comprometem o policiamento. Segundo a Secretaria de Segurança, 97% do efetivo está nas ruas e as ligações para o 190 são consideradas normais para um sábado.
Secretário diz que adesão é baixa
Segundo o Secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, os protestos não tiveram adesão como no Espírito Santo e somente 5% a 10% do policiamento da Polícia Militar foram comprometidos. “A manifestação não impediu em hipótese alguma que todos os batalhões patrulhassem suas áreas”, garantiu Sá.
Os protestos dos familiares e amigos de policiais militares começaram ainda na noite de quinta, quando um grupo acampou em frente ao Batalhão de Volta Redonda. Durante a madrugada de ontem, outros pequenos grupos chegaram a unidades como as do município de São João de Meriti e Duque de Caxias. “Estou contando com a ajuda de parentes. O aluguel está atrasado. O governador precisa olhar pelos policiais”, disse uma manifestante. Elas pedem regularização dos salários e melhores condições de trabalho aos PMs.
Para especialista, movimento deve enfraquecer
Para o ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Rio, Robson Rodrigues da Silva, o movimento das famílias de militares não ganhará força, mesmo com algumas entradas de batalhões ainda ocupados por manifestantes. Antropólogo e pesquisador do laboratório de análises de violência do Estado do Rio, pela Uerj, Robson entende que os desdobramentos da greve dos militares (bombeiros e PMs) em 2012, quando os grevistas foram punidos, contribuem para a postura mais cautelosa adotada pelos agentes, hoje.
Além disso, ajuda no enfraquecimento do movimento, segundo ele, no atual contexto em que PMs se tornaram alvo de bandidos. “Se eles (PMs) não estiverem nas ruas, a família deles vai estar, então, o policial não vai querer essa perda de controle na segurança pública e está agindo de forma equilibrada para saber até que ponto pode seguir sem que haja perdas para a sociedade. É importante que os manifestantes sejam inteligentes e coordenem bem este ato. A sociedade não pode pagar por isso, como foi no Espírito Santo”, disse.