Por thiago.antunes
Rio - Um grupo de policiais lotados no Regimento de Polícia Montada (RPMont) foi preso administrativamente, na manhã deste sábado, após se recusar a cumprir uma ordem da comandante do batalhão.
Segundo a Polícia Militar, a tenente-coronel Andreia Ferreira ordenou que os PMs saíssem pela lateral do batalhão para evitar o protesto de mulheres dos policiais na porta da unidade, que impede a entrada e saída dos militares. De acordo com as primeiras informações, 18 homens do RPMont teriam sido presos ao descumprirem a ordem, mas a assessoria da PM ainda não confirmou o número exato de detidos.
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Manifestante detida
Uma mulher foi detida, no fim da tarde desta sexta-feira, ao descumprir a ordem do comandante do 14º BPM (Bangu) para que deixasse a frente da unidade. Segundo a Polícia Militar, o coronel Amaral negociou por três horas com 10 mulheres que faziam bloqueio no local e ordenou que os PMs desfizessem a barreira.
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Uma das manifestantes ainda tentou impedir a saída dos policiais e foi encaminhada para a 34ª DP (Bangu). O caso seguiu para o Juizado Especial Criminal (Jecrim).
No Choque, helicópteros para rendição
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Helicópteros viraram a maior arma do Batalhão de Choque (BPChq) para transportar a tropa sem entrar em confronto com mulheres de PMs que fecharam a entrada principal da unidade na manhã deste sábado. Com cadeiras de praia, carregando cones, faixas e cartazes, elas começaram o movimento por volta de 5h30 de sexta-feira. Nesta manhã, fecharam a Rua Frei Caneca, o que irritou muitos motoristas. Como O DIA mostrou na edição de hoje, a mesma tática foi empregada no 16º BPM (Olaria). Um vídeo enviado para o WhatsApp do DIA (98762-8248) mostra a movimentação de aeronaves dentro do Choque.
PMs do Choque embarcam em helicópteroMaíra Coelho / Agência O Dia

Com apitos, elas gritavam palavras de ordem como 'meu marido não pode passar fome' e 'estamos convocando mulheres e familiares'. No 4º BPM (São Cristóvão), manifestantes também continuam na porta, além de outras unidades. Dados oficiais da corporação informam que os protestos atingem 29 unidades, mas ainda não comprometem o policiamento. Segundo a Secretaria de Segurança, 97% do efetivo está nas ruas e as ligações para o 190 são consideradas normais para um sábado.

Secretário diz que adesão é baixa

Segundo o Secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, os protestos não tiveram adesão como no Espírito Santo e somente 5% a 10% do policiamento da Polícia Militar foram comprometidos. “A manifestação não impediu em hipótese alguma que todos os batalhões patrulhassem suas áreas”, garantiu Sá.

Os protestos dos familiares e amigos de policiais militares começaram ainda na noite de quinta, quando um grupo acampou em frente ao Batalhão de Volta Redonda. Durante a madrugada de ontem, outros pequenos grupos chegaram a unidades como as do município de São João de Meriti e Duque de Caxias. “Estou contando com a ajuda de parentes. O aluguel está atrasado. O governador precisa olhar pelos policiais”, disse uma manifestante. Elas pedem regularização dos salários e melhores condições de trabalho aos PMs.

Para especialista, movimento deve enfraquecer

Para o ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Rio, Robson Rodrigues da Silva, o movimento das famílias de militares não ganhará força, mesmo com algumas entradas de batalhões ainda ocupados por manifestantes. Antropólogo e pesquisador do laboratório de análises de violência do Estado do Rio, pela Uerj, Robson entende que os desdobramentos da greve dos militares (bombeiros e PMs) em 2012, quando os grevistas foram punidos, contribuem para a postura mais cautelosa adotada pelos agentes, hoje.

Além disso, ajuda no enfraquecimento do movimento, segundo ele, no atual contexto em que PMs se tornaram alvo de bandidos. “Se eles (PMs) não estiverem nas ruas, a família deles vai estar, então, o policial não vai querer essa perda de controle na segurança pública e está agindo de forma equilibrada para saber até que ponto pode seguir sem que haja perdas para a sociedade. É importante que os manifestantes sejam inteligentes e coordenem bem este ato. A sociedade não pode pagar por isso, como foi no Espírito Santo”, disse.