Por gabriela.mattos

Rio - O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) vai responder por 184 crimes de lavagem de dinheiro, conforme nova denúncia feita ontem pelo Ministério Público Federal (MPF) e aceita pelo juiz federal Marcelo Bretas. Preso em Bangu 8 — onde passou mal com indisposição e foi medicado pela manhã —, Cabral será colocado no banco dos réus pela quarta vez. Segundo investigações da Operação Eficiência, desdobramento da Lava Jato, o ex-governador teria chefiado esquema criminoso que movimentou R$ 357,5 milhões.

Cabral está preso em BanguReprodução RPC TV

Os procuradores também denunciaram outras dez pessoas, entre elas a ex-primeira-dama estadual Adriana Ancelmo, também presa em Bangu 8, acusada de praticar sete atos de lavagem de dinheiro. Na denúncia, baseada em delações premiadas dos irmãos Marcelo e Renato Hasson Chebar, doleiros e operadores financeiros do ex-governador em outros países, o MPF classifica Cabral como “chefe da organização criminosa”.

A lista que relaciona as operações fraudulentas ao esquema ligado à corrupção comandada por Cabral dá conta que, do montante faturado pela suposta quadrilha, somente entre os anos de 2014 e 2015, foram movimentados R$ 39,7 milhões no Brasil para pagamento de despesas (o equivalente a uma média de R$ 4 milhões por mês), lavados e ocultados pelos Chebar, e R$ 317,8 milhões, no exterior, também em contas dos irmãos e outros envolvidos.

Na quantia de R$ 317,8 milhões estão computados depósitos nas contas dos doleiros e outras pessoas, diamantes guardados em cofres e quatro quilos e meio de ouro puro (em torno de R$ 250 mil). No despacho, os promotores advertem que isso representaria “apenas parte do que amealharam dos cofres públicos, por meio de um engenhoso processo de envio de recursos oriundos de propina para o exterior”. A procuradoria afirmou que, além de recuperar parte do dinheiro desviado, o acordo de delações corrobora, “de forma robusta”, as provas contra os denunciados.

No Brasil, os desvios foram constatados em forma de “mesadas” (5% de propinas, conforme as operações Calicute e Eficiência), cobradas pelo grupo junto a empreiteiras, especialmente nas maiores obras, como a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo, a construção do Arco Metropolitano e o PAC das Favelas.

Além de Cabral, foram denunciados por crimes de lavagem de dinheiro antigos aliados dele no governo do Rio: Carlos Miranda (147 crimes), Carlos Bezerra (97 crimes), Álvaro José Galliez Novis (32 crimes) e Francisco de Assis Neto (29 crimes). Adriana Ancelmo e Thiago de Aragão Gonçalves foram denunciados por sete crimes cada um; Sérgio Castro de Oliveira por seis e Ary Ferreira da Costa Filho, por dois crimes. A defesa de Cabral não retornou as ligações feitas pelo DIA e nem conseguiu localizar a dos demais envolvidos, que, segundo pessoas próximas, negam os crimes.


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