Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Especialista em segurança pública e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Ignácio Cano acredita que a presença das Forças Armadas no Rio ocorre devido à perda de controle do governo estadual no avanço da criminalidade. “É óbvio que a Garantia de Lei e Ordem (GLO) é um atestado da incapacidade do Rio em prover segurança”, disse.
GLOs são ações coordenadas ou apoiadas pelas Forças Armadas que visam garantir “a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Os alvos, de acordo com a portaria que a instituiu, são “grupos de pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação da ordem pública ou ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio”.

Ela foi decretada no Rio num momento em que o estado enfrenta protestos de familiares de policiais e de manifestações sobre a votação da privatização da Cedae. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que os militares estão no Rio para liberar o efetivo da PM, visando às manifestações. “A ideia de usar as Forças Armadas para defender a Assembleia (Legislativa) dos manifestantes é perigosa e coloca as mesmas em uma situação muito delicada”, disse sociólogo Ignácio Cano.

Militares estão nas ruas desde a noite de terça%2C patrulhando pontos do Rio%2C Niterói e São GonçaloDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Logo nas primeiras 24 horas, homem é morto a tiros após assalto

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Na primeira manhã de patrulhamento das Forças Armadas no Rio um assaltante foi morto próximo à Rodoviária Novo Rio, após ignorar ordem de parada anunciada por um grupo de fuzileiros navais. Segundo o general Mauro Sinott Lopes, comandante de primeira divisão do Exército, os militares serão rígidos quando tiverem suas vidas ameaçadas no Rio durante o patrulhamento. “Nós seremos intolerantes com qualquer ameaça à tropa”, disse.

Os militares começaram a patrulhar Niterói, São Gonçalo e pontos da capital no final da tarde de terça-feira, após um pedido do governador Luiz Fernando Pezão feito ao presidente Michel Temer de reforço na segurança. Nove mil militares foram escalados para a ação e vão permanecer no Rio até dia 2 de março e não mais até o próximo dia 22, como previsto inicialmente.

Os crimes ocorreram na Avenida Brasil e paralisaram o trânsito na região, provocando longas filas. De acordo com a Polícia Civil, os fuzileiros patrulhavam a Região Portuária quando perceberam um assalto em andamento. Segundo testemunhas, o morto, que não teve a identidade revelada, fazia parte de uma quadrilha que havia assaltado dois motociclistas e passageiros de um ônibus momentos antes.

Ação de ontem, próximo à Rodoviária Novo Rio, ocorreu após ação de quadrilha de assalto a ônibus e motos, e parou o trânsito na Av. BrasilSeverino Silva / Agência O Dia

Segundo uma vítima, cinco bandidos armados aproveitaram o momento em que o motorista de um ônibus da linha 2303 (Cesarão x Largo da Carioca) parou em um ponto, por volta das 6h, para invadir o coletivo. “Eles apontavam as armas e ameaçavam matar todos os passageiros. Na ação, roubaram celulares, carteiras e até a aliança de algumas pessoas. Um homem quase foi morto porque o anel ficou preso no dedo. Foi horrível”, desabafou. Após roubar os passageiros, a quadrilha desceu do ônibus na altura da Rodoviária. Depois disso, o grupo se dividiu na via e passou a praticar outros assaltos.

Na primeira ação, dois criminosos renderam um motociclista e tentaram fugir em direção à Avenida Francisco Bicalho. Uma testemunha contou que outros três integrantes do grupo davam cobertura. Como a moto possuía bloqueador, os bandidos abandonaram o veículo. Minutos depois, a dupla assaltou outro motociclista, mas, durante a abordagem, foi surpreendida pelos fuzilieros. Segundo o delegado da 17ª DP (São Cristóvão), Mario Luiz da Silva, os bandidos atiraram e iniciaram o confronto. O assaltante que estava na garupa foi baleado na cabeça e morreu no local. Já o bandido que pilotava o veículo e os outros três comparsas fugiram.